Indagado recentemente sobre como será a relação do Governo do Estado com a Prefeitura de São Luís de agora por diante com a saída de um aliado, o prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT), e a entrada de um adversário político, o prefeito Eduardo Braide (Podemos), no Palácio de la Ravardière, o deputado federal licenciado, presidente estadual do PCdoB e atual secretário de Cidades e Desenvolvimento Urbano, Márcio Jerry, respondeu de pronto, sem um segundo de vacilo: “Isso só depende do prefeito”. E sem dar tempo para outra pergunta, esgotou o assunto completando: “O governador Flávio Dino já disse que está pronto para ter relações institucionais e republicanas com todos os prefeitos do Maranhão”. Apesar de sucinta, a resposta do novo titular da Secid revelou, com clareza solar, o posicionamento do Palácio dos Leões em relação ao novo status político da Prefeitura de São Luís, que saiu da condição de aliada importante para se tornar uma cidadela oposicionista.
Vale lembrar que, anunciado o resultado do segundo turno da disputa na Capital, com a vitória inquestionável do candidato do Podemos, o governador Flávio Dino divulgou mensagem em que saudou os 217 eleitos e anunciou que, independentemente das eventuais diferenças políticas, o Governo manterá suas portas abertas para todos os que quiserem estabelecer parcerias com a administração estadual. Poderia ter se manifestado no final do primeiro turno, quando 216 já estavam eleitos, mas fez questão de esperar pela definição da disputa em São Luís, para incluir o novo gestor, aliado ou adversário, no contexto das relações institucionais do Governo, sob o argumento de que as populações municipais, a começar pelos 1,2 milhão de ludovicenses, não podem arcar com o ônus de diferenças políticas.
Neste primeiro mês da nova ordem, não houve acenos do Palácio de la Ravardière nem do Palácio dos Leões. Ao mesmo tempo, vale registrar que nenhuma rusga veio à tona para causar mal-estar. O ambiente de distanciamento político e institucional foi alterado pelo início da vacinação, com a linha direta instalada entre os secretários estadual e municipal de Saúde, respectivamente, Carlos Lula e Joel Nunes Júnior, que dialogaram produtiva e civilizadamente. O resultado do entendimento foi que, a exemplo do que fez com muitas prefeituras, o Governo do Estado forneceu milhares de seringas, agulhas e EPIs à Prefeitura de São Luís, numa saudável relação de cooperação. O link instalado na área de Saúde confirmou o teor da mensagem do governador Flávio Dino aos prefeitos depois do segundo turno em São Luís.
Há, no meio político, certa expectativa quanto ao futuro dessa relação. Alguns acham que ela será produtiva nos próximos meses, mas com alto risco de entrar em turbulência com a aproximação da grande e decisiva disputa eleitoral do ano que vem. Ao mesmo tempo em que há vozes estimulando o prefeito Eduardo Braide a envergar o pragmatismo e dar o primeiro passo em busca de parcerias com o Governo, há também as que o estimulam a manter distância do Palácio dos Leões, preferindo tê-lo como adversário. Político que não costuma consultar “oráculos” para tomar suas próprias decisões, o prefeito Eduardo Braide se mantém aparentemente alheio a essa situação. Da sua parte, o governador Flávio Dino abriu as portas, e até onde se pode perceber, não fez qualquer gesto em sentido contrário.
É verdade que ainda é cedo, as feridas da disputa eleitoral ainda estão sarando, e a nova gestão da Capital, mesmo tendo encontrado uma máquina ajustada – em boa medida com a ajuda ao Governo -, ainda está se instalando e tentando encontrar um eixo e um ritmo. Ao mesmo tempo, o Governo estadual entra na reta final turbinado, com grande portfólio em São Luís. Cedo ou tarde o prefeito Eduardo Braide terá de se posicionar, voluntaria ou circunstancialmente, em relação à mensagem do governador Flávio Dino aos prefeitos. O secretário Márcio Jerry tem razão quando diz que a relação, se vier a ser estabelecida e o nível que ela alcançará, só depende do prefeito.
PONTO & CONTRAPONTO
Márcio Jerry e Rubens Jr. voltarão à Câmara Federal para votar em Baleia Rossi
Os secretários Márcio Jerry (Cidades) e Rubens Jr. (Articulação Política) serão exonerados hoje para reassumirem amanhã suas cadeiras na Câmara Federal, hoje ocupadas pelos suplentes Gastão Vieira (PROS) e Elizabeth Gonçalo (Avante). Márcio Jerry e Rubens Jr. reassumirão momentaneamente seus mandatos para cumprir a decisão do PCdoB de que sua bancada, de sete deputados, votará integralmente no candidato do MDB à presidência da Câmara Baixa, Baleia Rossi (SP), que com o apoio do atual presidente, Rodrigo Maia (DEM-RJ), enfrentará o deputado alagoano Arthur Lira (PP), candidato apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Além da recomendação do PCdoB no sentido de que seus deputados votem em Baleia Rossi, o candidato emedebista esteve na semana passada em São Luís, em campanha, deixando o Maranhão com a promessa de votos da maioria da bancada maranhense, tendo como dúvida apenas os três votos controlados pelo deputado Josimar de Maranhãozinho. Além do mais, se permanecesse no mandato, Gastão Vieira poderia seguir seu partido e votar em Arthur Lira, seguindo a orientação do PROS, que abraçou o candidato bolsonarista, assim como Elizabeth Gonçalo, que poderia votar de acordo com a determinação do Avante.
Márcio Jerry e Rubens Jr. se licenciarão novamente na Terça-Feira (2), para serem renomeados secretários de Cidades e de Articulação Política.
Até pensadores da direita já preveem o fim do bolsonarismo nas eleições de 2022
As agressões do presidente Jair Bolsonaro à Imprensa, ontem, numa reação desequilibrada à revelação de que seu governo gastou, em 2020, R$ 1,8 bilhão em alimentos, incluindo R$ 15 milhões em leite condensado, mostraram que ele começa a sentir o peso do descrédito, mesmo falando para uma plateia de aliados e puxa-sacos, entre eles o indescritível ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. A fala do presidente é reveladora de que o chão em que pisa já não é tão firme e que os baixos índices de aprovação, à sua criminosa irresponsabilidade no trato da pandemia, ao insucesso na economia, fracassos associados às dezenas de pedidos de impeachment protocolados na Câmara Federal estão aumentando o seu desequilíbrio e confirmando a sua incapacidade de presidir o Brasil. Sua posição está de tal modo fragilizada que até intelectuais de direita começam a perceber que, se ele não for tirado do cargo antes, por impeachment, sua era termina no dia 31 de dezembro de 2022. Prova disso está nas linhas desse artigo, de autoria do cientista político Márcio Coimbra, coordenador da pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília e ex-Diretor-Executivo do Interlegis no Senado Federal. Segue o texto:
Intuição vs. Estratégia: Bolsonaro fora do 2º Turno
Bolsonaro pode não chegar ao segundo turno em 2022. A previsão pode ser precipitada, dirão alguns, porém, foi o mesmo que ouvi quando disse que Bolsonaro venceria as eleições presidenciais. Estávamos em 2016. Fato é que a política tem caminhos curiosos, mas ao observar cenários e padrões de comportamento, tudo indica que o desgaste do presidente impulsionado pelos dados ruins da economia e da pandemia podem condenar seu governo e sua eventual tentativa de reeleição. É aquilo que as pesquisas mostram.
As eleições de 2018 guardavam um elemento especial, uma espécie de onda de renovação que ocorre a cada três décadas. O mesmo fenômeno havia levado ao poder Fernando Collor em 1989, Jânio Quadros em 1960 e criou as condições para a chegada de Getúlio Vargas ao poder em 1930. Em todas ocasiões houve troca de ciclo político e o estabelecimento de um novo jogo de forças que duraria cerca de três décadas.
Assim, a eleição de 2018 vem romper com a Nova República e estabelecer um novo equilíbrio de poder. Longe de liderar este processo, como fez Getúlio Vargas, Jair Bolsonaro posiciona-se apenas como o elemento disruptivo que chega para romper com as antigas estruturas, assim como foram Jânio Quadros e Fernando Collor. Sem habilidade para lidar nos andares mais altos da política, tende a ser engolido por ela.
Ao rejeitar o debate político no Congresso Nacional em seu primeiro ano e ser tragado pela pandemia no segundo ato, Bolsonaro não entregou reformas, mudanças ou realizações. Entra na terceira parte de seu mandato com um déficit que beira 1 trilhão, negando a pandemia, com taxas recordes de desemprego e sem recursos para pagar novamente o auxílio emergencial, instrumento que manteve sua popularidade estável em tempos bicudos.
Tudo indica que o presidente entrará no ano final de sua Presidência ferido politicamente, porém ainda acreditando em sua habilidade de virar o jogo. Bolsonaro é um político intuitivo, mas não um estrategista. Venceu 2018 a bordo de uma onda que não existe mais. 2022 é um jogo de estratégia, não mais de intuição. Terá ao seu lado seus fiéis seguidores, porém terá perdido o impulso que o levou até a Presidência, representando o lajavatismo, antipetismo, liberalismo e até o conservadorismo. O bolsonarismo como fenômeno chega enfraquecido em 2022.
As eleições municipais de 2020 já deram o tom do eleitorado. Se em 2016 apontava para renovação e inauguração de uma nova política, no ano passado refluiu e reencontrou-se com a realidade. Ao eleger o centro pragmático e despachar os outsiders que não ofereceram gestão da pandemia, reabilitou a política real e preparou o caminho para a retomada do poder nas eleições gerais. Uma equação na qual não cabe Bolsonaro.
Caminhamos para um pleito menos emocional e mais racional, sem rupturas ou surpresas. Assim como nos Estados Unidos, políticos conhecidos e tradicionais tendem a se impor com sua experiência e bom senso. Políticos que conhecem a máquina e sabem gerar resultados tendem a ter vantagem nas urnas. 1989 está para 2018 assim como 1994 talvez esteja para 2022.
Por tudo isso, talvez tenhamos um presidente que não chegue ao segundo turno. Comandará a máquina, mas diante de uma combalida situação econômica, é possível que não tenha fôlego para impulsionar sua candidatura. O eleitorado cansou de aventuras. Está sofrendo a dor de uma pandemia e o derretimento da economia. O país precisa de gestão e recuperação. Precisa de um líder que vá além das narrativas. O caminho está aberto para sua chegada.
São Luís, 28 de Janeiro de 2021.
Eu ñ comungo com a ideologia da esquerda só mais simpática as posições da direita em muitos momentos, por isso votei em Bolsonaro, mas ñ tenho nunca tive políticos xe estimação, pois sou compromissada com o meu Brasil. O governo Bolsonaro é uma tragédia sem tamanho, muitos que votaram nele se arrependeram e eu sou uma delas. Bolsonaro não tem a mínima capacidade de dirigir o que quer que seja, não tem respeito pelas instituições, pelos outros poderes, a imprensa é alvo de constantes ataques de alguém que não sabe o que é uma democracia. Bolsonaro não dá nem para presidente de feira.