“O que o partido definir, eu vou acompanhar o partido”. A declaração é da ex-governadora Roseana Sarney (MDB), feita em rede social ao comentar a corrida para a Prefeitura de São Luís e a sua participação no contexto da disputa. A emedebista disse que ficou “muito honrada” com o convite feito pelo MDB para que ela fosse a candidata do partido à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT), mas que mediu, pesou, ouviu pessoas e decidiu não se candidatar. Avaliando que trabalhou em São Luís “como uma prefeita”, concluiu que a experiência valeu como o exercício de um mandato. A manifestação da ex-governadora confirma, primeiro, que o MDB está pacificado, e que participará das eleições municipais onde for possível lançar candidato a prefeito, vice-prefeito em aliança, e a vereador. E também parece sinalizar que não está inclinada a apoiar a candidatura do deputado estadual Adriano Sarney (PV), seu sobrinho, a menos que ele seja o candidato que o MDB vier a apoiar, o que até aqui parece não ser o caso. Deixou no ar também qual será o grau da sua participação na campanha do candidato que vier a ter o suporte emedebista.
Com a rica experiência política que acumulou, Roseana Sarney sabe que entrar numa disputa agora na Capital, depois de ter fracassado na eleição para o Governo do Estado em 2018, seria um risco político enorme. Ela seria um candidato de peso, poderia desequilibrar a disputa, provocar uma polarização, mas enfrentaria muitas dificuldades, com possibilidade real e concreta de sofrer outra dura derrota. Numa eleição na qual os candidatos são jovens e audaciosos, ela seria transformada no alvo das pancadas, que lhe poderiam impor desgaste forte, mesmo que viesse a vencer a eleição. Ao mesmo tempo, sua candidatura ajudaria muito à chapa de candidatos do MDB a vereador, podendo mesmo abrir caminho para que o partido voltasse a ter representação na Câmara Municipal. Preferiu, porém, não pagar o elevadíssimo preço político nem encarar o desgaste pessoal por um eventual fracasso nas urnas ou por um sucesso com muitas feridas e hematomas.
Ao anunciar que acompanhará a decisão do partido na disputa em São Luís, Roseana Sarney sinaliza com clareza que a crise que abalou o arraial emedebista no final de 2018, quando a ala jovem, liderada pelo deputado Roberto Costa, assumiu o comando do partido, está superada. O MDB saíra das eleições de 2018 estraçalhado, a começar pela derrota dela própria, e mergulhou numa guerra interna, só superada com um acordo para a divisão de espaço dentro do partido. Depois, as tensões foram reduzidas quando o deputado Roberto Costa, com o aval do presidente do partido, ex-senador João Alberto, lançou a candidatura da ex-governadora à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior, num grande ato com a presença do presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi. Roseana Sarney deixou o lançamento no ar, avaliou as repercussões, consultou o eleitorado por pesquisa e chegou à conclusão de que o melhor era não entrar na guerra sucessória.
Política que não faz um movimento sem estar embasada por pesquisa, Roseana Sarney certamente se valeu desse instrumento para confirmar que não será candidata, mas manifestando disposição para participar da campanha do partido. Nesse sentido, o comando do MDB pretende levá-la a municípios onde houver candidato do partido, como Caxias e Rosário, por exemplo. No caso de São Luís, o MDB ainda avalia o cenário para se posicionar, seja com candidato próprio ou apoiando candidato de outro partido, como Adriano Sarney, do PV, cuja candidatura não parece ser do seu agrado. Ela tem lastro político na Capital, onde assina muitas e importantes obras estruturantes, como a Via Expressa, para citar apenas um exemplo.
Esse retorno à vida partidária e ao cenário pré-eleitoral indica que a ex-governadora Roseana Sarney está politicamente ativa e avaliando possibilidades para 2022.
PONTO & CONTRAPONTO
Bira do Pindaré prefere não atacar o prefeito Edivaldo Holanda Júnior
Quem esperava que o deputado federal Bira do Pindaré, candidato do PSB à prefeitura de São Luís, dispararia chumbo grosso contra o prefeito Edivaldo Holanda Júnior e sua gestão, esperou em vão. O aspirante socialista adotou um tom moderado em relação ao prefeito, contrariando a expectativa de aliados seus, que esperavam um discurso, se não agressivo, mais duro em relação à atual gestão municipal. O tom foi dado na entrevista que concedeu nesta semana a O Estado.
Ao ser indagado pelo repórter Ronaldo Bastos sobre como avalia o ´refeito de São Luís, o candidato do PSB respondeu: “Durante sua trajetória como gestor de São Luís, o prefeito Edivaldo Holanda tem momentos de alta e momentos de baixa. Penso que, nesse momento, ele está em alta, por conta dos resultados produzidos na cidade. Isso faz dele um forte cabo eleitoral, com peso muito grande no processo sucessório”.
Vale lembrar que o prefeito Edivaldo Holanda Júnior ainda não se manifestou sobre candidaturas à sua sucessão, e com seu silêncio tem dado a entender que não abraça o projeto do PDT de apoiar a candidatura do deputado estadual Neto Evangelista (DEM). Pode estar aí a explicação para a avaliação do candidato do PSB.
Detinha estaria se sentindo deslocada no cenário político de São Luís
Correm rumores segundo os quais a deputada Detinha (PL) estaria desanimada com a sua pré-candidatura à Prefeitura de São Luís. O motivo do desânimo os percentuais por ela obtidos em pesquisas recentes. Mas não pensa em desistir, porque sua candidatura é um projeto do deputado Josimar de Maranhãozinho, seu marido e chefe absoluto do PL no Maranhão. Ele pretende candidatar-se a governador em 2022 e vê como fundamental mostrar alguma força política da Capital. E o caminho para delimitar esse espaço é lançando um candidato ao Palácio de la Ravardière. Detinha, que já foi prefeita de Centro do Guilherme, um dos “feudos” político de Josimar de Maranhãozinho, estaria se sentindo “deslocada” no cenário da Capital. Se é esse seu ânimo, faz sentido.
São Luís, 11 de Julho de 2020.