O PDT vai mesmo somar forças com o DEM em torno da candidatura do deputado estadual democrata Neto Evangelista à Prefeitura de São Luís. Esse projeto, que começou a ser desenhado ainda em 2019 e andou sendo levemente mascarado pelo comando pedetista com a pré-candidatura nada convincente do vereador-presidente Osmar Filho, começa a ganhar finalmente os contornos de fato a ser confirmado nas convenções de julho. No final da semana que passou, Osmar Filho praticamente colocou uma pá de cal na sua pré-candidatura, deixando claro que seu projeto é mesmo renovar seu mandato parlamentar, com a possibilidade de renovar também o mandato presidencial, dependendo do poder de fogo que tirar das urnas. Nesse contexto, o PDT marcha para consolidar a aliança com o DEM, já devidamente articulada pelo chefe pedetista, senador Weverton Rocha, e pelo seu colega do DEM, deputado federal Juscelino Filho, carecendo apenas do aval decisivo do prefeito Edivaldo Holanda Filho (PDT), que até agora não se manifestou sobre o assunto.
Numa perspectiva mais fechada, o caminho natural do PDT seria uma aliança com o PCdoB em torno da pré-candidatura do deputado federal Rubens Júnior. O cenário político e eleitoral desenhado até aqui na Capital, no entanto, estimula os grupos partidários a vislumbrar a possibilidade de inviabilizar qualquer projeto de candidatura sair vitorioso em turno único, apostando que o novo prefeito de São Luís só será definido num segundo turno. Daí o PDT, que não encontrou nos seus quadros um nome capaz de velar o partido para essa decisão, preferir abrir mão da cabeça da chapa e investir todo o seu poder de fogo político e eleitoral no jovem e bem articulado Neto Evangelista, herdeiro político do ex-vereador e ex-deputado estadual João Evangelista, nascido e criado no complicado tabuleiro político de São Luís.
A aliança PDT-DEM tendo Neto Evangelista como candidato é uma equação forte poder de fogo político e grande potencial eleitoral. Primeiro porque, mesmo sem a força do ex-governador Jackson Lago e tendo perdido muito espaço, ainda é uma máquina partidária poderosa nas entranhas de São Luís. Além disso, o partido está no comando da máquina municipal, onde o prefeito Edivaldo Holanda Júnior faz uma gestão eficiente, com gás político suficiente para embalar a candidatura. Esses dois fatores, somados ao arrojado projeto do senador Weverton Rocha de consolidar, nas eleições municipais, seu projeto de candidatura ao Governo do Estado, tornam a candidatura de Neto Evangelista um projeto eleitoral viável e que, portanto, não pode ser desprezado pelos seus concorrentes.
Dos três fatores decisivos para dar solidez à aliança PDT-DEM encabeçada por Neto Evangelista, o que ainda está coberto por uma névoa de dúvidas é o apoio assumido e incondicional do prefeito Edivaldo Holanda Júnior. Avesso a falar de projetos político e eleitoral, característica que se acentuou fortemente com a aterrissagem avassaladora do coronavírus em São Luís, situação que alterou expressivamente a marcha administrativa que vinha liderando, Edivaldo Holanda Júnior, mesmo diante de um cenário em que pré-candidaturas fortes – Eduardo Braide (Podemos), Rubens Júnior (PCdoB), Bira do Pindaré (PSB) e Duarte Júnior (Republicanos), por exemplo – estão definidas, mantém aparente indiferença em relação à briga pela sua própria sucessão. São inúmeras as versões para essa posição e vão desde a de que se trata de uma estratégia à que insinuam diferenças dificilmente superáveis com o mandachuva pedetista Weverton Rocha.
Independentemente das dificuldades internas, que costumam ser resolvidas até mesmo nos bastidores das convenções partidárias, todos os sinais indicam que PDT e DEM vão mesmo somar forças em torno do deputado Neto Evangelista, que tacitamente avalizado pelos chefes partidários, se movimenta como pré-candidato. O parlamentar deixa no ar indicativos de que já se move como candidato dessa aliança, mas indicando também que está preparado para se manter na corrida se ela, por algum motivo não previsto, vier a fracassar.
PONTO & CONTRAPONTO
Flávio Dino afirma que Jair Bolsonaro é incapaz de liderar até mesmo sua própria facção
“Sem Sérgio Moro e Olavo de Carvalho não existiria Bolsonaro. Os três, do ponto de vista histórico, são uma coisa só. Quando eles atacam o ex-chefe é mais um sinal de que Bolsonaro não possui condições de liderar nem a sua facção”.
Com essa avaliação, postada ontem na sua conta no Twitter, o governador Flávio Dino concluiu, com absoluta segurança, que o presidente Jair Bolsonaro é um político fraco, sem lastro e sem “condições de liderar nem a sua facção”.
E a explicação é tão simples quanto óbvia. Ideologicamente, sem condições de sequer alinhavar suas “ideias” na seara da extrema direita, presidente encontrou no filosoficamente lunático Olavo de Carvalho, baseado no estado norte-americano da Virgínia, de ontem engana ignorantes, entre eles os filhos do presidente, com um curso de filosofia política sem pé nem cabeça, o lastro “filosófico” que precisava para dar sentido ao seu terraplanismos. E na seara política, contou com o apoio determinado e eficiente do então juiz as Operação Lava Jato, Sérgio Moro, o suporte que precisava para desmontar o projeto de poder da esquerda, principalmente tirando o ex-presidente Lula da Silva (PT) da cena política e fazendo de tudo para estigmatizá-lo como corrupto.
Foram, portanto, o verniz ideológico passado por Olavo de Carvalho e o os julgamentos feitos por Sérgio Moro, que deram ao deputado federal de extrema-direita e membro agressivo e sem brilho do baixíssimo clero da Câmara Baixa do Congresso Nacional o discurso que ele precisou para encantar o eleitorado, parte do qual já mergulhou de novo no desencanto. Ao mesmo tempo, o governador Flávio Dino assegura que sem o apoio decisivo dessas figuras políticas, Bolsonaro “não existiria”.
A reação indignada de Olavo de Carvalho ao fato de estar sendo desprezado por Jair Bolsonaro, que não lhe dá ajuda financeira para enfrentar processos e manter o rico padrão de vida que leva nos EUA, bem como a debandada de Sérgio Moro do Governo, saindo atirando, mostram, de fato, que Jair Bolsonaro não tem condições de liderar sua facção.
Projeto de Othelino Neto vira lei: mulheres vítimas de violência doméstica podem denunciar on-line
Desde ontem, as mulheres maranhenses que enfrentam ou vierem a enfrentar situação de violência doméstica contam com um instrumento legal que poderá livrá-las do risco de serem agredidas ou, se a agressão, física ou psicológica, já tiver sido consumada, pedir proteção policial com mais rapidez e segurança no período de pandemia do novo coronavírus. Esse instrumento protetivo é a Lei nº 11.265/2020, sancionada ontem pelo governador Flávio Dino (PCdoB), que permite o registro de Boletim de Ocorrência, na Delegacia On-Line, conforme projeto de autoria do presidente Othelino Neto (PCdoB) e aprovado por unanimidade pela Assembleia Legislativa.
A lei estabelece que o Boletim de Ocorrência de crimes de violência doméstica poderá ser feito agora por meio do site da Delegacia On-line (https://delegaciaonline.ssp.ma.gov.br/), disponibilizado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP), devendo constar, ainda, a opção de a vítima manifestar interesse em requerer a medida protetiva de urgência, prevista na Lei Federal nº 11.340/2006. Art. 3º.
O deputado Othelino Neto formulou sua proposta baseado numa série de indicativos de que o período de isolamento poderia fomentar situações de violência contra a mulher. Vários alertas de especialistas foram disparados nacionalmente nesse sentido. Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos (MMFDH), apontam para um aumento de 18% de denúncias formalizadas e de 9% no aumento de ligações desde que o período de quarentena foi determinado. Ao mesmo tempo, o isolamento está tornando mais difícil para os serviços e as instituições de proteção da mulher e da famílias alcançarem mulheres que estão ao lado dos agressores.
A Lei Estadual nº 11.265/2020 permitirá que situações de violência contra a mulher sejam resolvidas mais rapidamente, podendo até mesmo serem evitadas se a denúncia for feita ainda numa situação de ameaça ou de risco iminente. O presidente do Poder Legislativo comemorou, com justiça, a transformação do seu projeto em lei de proteção às mulheres vítimas de violência doméstica.
– Agradeço ao governador Flávio Dino pela sanção desta lei tão importante para as vítimas de violência doméstica. A proposição foi fundamentada em avaliações técnicas apontando que a pandemia pode ter um impacto muito negativo na vida de muitas mulheres, uma vez que a necessidade do isolamento social, tão necessário para conter o avanço da Covid-19, as coloca ao lado do agressor por mais tempo, o que pode provocar o aumento dos casos de violência. Por isso, ao permitirmos o registro do Boletim de Ocorrência para esse tipo de crime, por meio da Delegacia On-line, estaremos ajudando muitas mulheres a saírem dessa situação de violência – assinalou Othelino Neto.
São Luís, 09 de Junho de 2020.