Na contramão do PSDB nacional, Roberto Rocha assume de vez a voz do bolsonarismo no Maranhão

 

Roberto Rocha e Jair Bolsonaro, sexta-feira, em Águas Lindas: identificação política 

A imagem do senador Roberto Rocha em estado de euforia ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), sexta-feira (05), em Águas Lindas, Goiás, no ato de inauguração do primeiro hospital de campanha do Governo Federal – três meses depois do devastador desembarque do novo coronavírus no Brasil e só com 60 dos 200 leitos abertos -, associada à nomeação do advogado Guilherme Paz para a superintendência federal de Agricultura no estado, consuma uma situação que já era óbvia, mas continha ainda traços furta-cores: o líder PSDB tornou-se o mais expressivo porta-voz do bolsonarismo no Maranhão. Ao consolidar esse movimento, o senador Roberto Rocha, que foi eleito pelo PSB em 2014 na aliança liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), encontrou no bolsonarismo, que representa a extrema-direita e tudo que ela prega, seu caminho político e ideológico, já que dificilmente poderá sustentar sua posição como membro do PSDB.

A efusiva presença do senador tucano na comitiva do presidente da República em terras goianas causou mal-estar nas fileiras do PSDB. Isso não significa que Roberto Rocha sofra alguma reprimenda, mas sinaliza com clareza que o senador se encontra num lento processo de migração partidária que, segundo alguns observadores, será completado no momento em que Jair Bolsonaro se definir partidariamente, no ano que vem, se ele conseguir criar o tal Aliança Brasil, que está hibernando na Justiça Eleitoral por insuficiência de assinaturas, ou tomar outro rumo. O próprio Roberto Rocha sabe que sua presença no PSDB tem prazo de validade, que por conveniência do partido não será neste ano, mas dificilmente sobreviverá a 2021, podendo o desfecho ser um divórcio civilizado ou uma ruptura azeda.

Roberto Rocha encontra-se numa espécie de encruzilhada no cenário político maranhense. Não tem qualquer possibilidade de retornar à frente partidária liderada pelo governador Flávio Dino, sabe que sua estrutura política e partidária do PSDB é muito frágil – são pouco mais de 20 prefeitos e uma penca de vereadores que não são rigorosamente fieis à sua orientação – e não sustenta um projeto de candidatura ao Governo do Estado nem de reeleição ao Senado. Suas dificuldades aumentam quando tenta fazer uma oposição dura ao governador Flávio Dino, que até aqui tem honrados os seus compromissos de campanha e tem aprovação da esmagadora maioria da população. Aliados do senador justificam sua guinada bolsonarista como um único caminho capaz de lhe dar os instrumentos para tentar a sobrevivência. Caso contrário, seu caminho será a aposentadoria política.

Pelo entusiasmo e ênfase com que se coloca como aliado linha-de-frente do inacreditável presidente Jair Bolsonaro, exibindo poder de fogo para nomear gente da sua confiança para o comando de órgãos federais no Maranhão e até mesmo no plano nacional, o senador Roberto Rocha deixa claro que está consolidando sua opção por esse caminho – que se justifica com o fato de que sua identificação com a direita é ancestral e está no seu DNA político. Essa direção não prevê sua permanência no PSDB, a menos que os tucanos passem de oposicionistas a governistas, o que, em princípio, parece fora de cogitação, pelo menos no cenário atual em que seus líderes maiores, como FHC, pregam o impeachment ou a renúncia de Jair Bolsonaro. Seu destino, portanto, parece ser mesmo as fileiras do partido que vier a ser criado ou encampado por Jair Bolsonaro.

O senador Roberto Rocha tem um projeto de poder, que é chegar ao Governo do Estado em 2022, mas sabe que suas dificuldades para o viabilizar são enormes, mesmo ele convertido na voz principal do bolsonarismo no Maranhão. Para a tarefa hercúlea, dependerá de um partido, de um arco de alianças e de um discurso capaz de convencer o eleitorado que em 2018 lhe disse um “não” estridente com as trombetas do apocalipse. Até aqui, devido ao seu bolsonarismo assumido, o senador Roberto Rocha está sendo visto como um político marcado por contradições. Mas a julgar pelo astral que exibe ao lado do presidente da República, apesar de todas as controvérsias que o encarna, o senador passa a impressão de que é esse o seu caminho.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Com gestão séria e exemplar, Maranhão terá 12 hospitais para Covid-19 em 80 dias

Flávio Dino comanda o processo de ampliação da rede hospitalar contra a pandemia no Maranhão

Os desafios de se planejar, implantar e fazer funcionar hospitais para tratamento de pessoas atingidas pelo novo coronavírus e que desenvolveram a Covid-19 têm colocado à o Governo Federal e Governos estaduais à prova, com visível diferença em matéria de visão científica, comprometimento social, eficiência administrativa e competência e seriedade na gestão de recursos públicos, sejam eles fartos, como é o caso do Governo Federal, e escassos, como no Maranhão. No primeiro caso, o Brasil tem assistido a um triste espetáculo de incompetência, falta de responsabilidade pública e, por incrível que pareça, casos de corrupção. No segundo, os maranhenses têm acompanhado o resultado de um competente e gigantesco esforço do Governo do Estado na montagem de uma malha hospitalar para atender a quem precisa.

Sem ministro da Saúde, com a área entregue a um general com um presidente da República que tenta negar a realidade, o Governo Federal, com muito dinheiro e aparato técnico, só conseguiu até aqui implantar apenas um hospital de campanha – inaugurado sexta-feira em Águas Claras, Goiás – para atender atingidos pela Covid-19, e mesmo assim com apenas 60 dos seus 200 leitos funcionando. Ao mesmo tempo, no Rio de Janeiro, onde, mesmo depois de o Governo do Estado haver desembolsado R$ 250 milhões, apenas um dos seis hospitais de campanha planejados saiu do papel, e ainda assim com boa parte dos seus leitos desativados, denúncias de corrupção e secretários e o governador Wilson Witzel (PSC) investigados.

No Maranhão, mesmo pressionado por recursos parcos e por enormes dificuldades técnicas, o governador Flávio Dino conseguiu, em 60 dias, preparar, adequar e implantar 12 hospitais capacitados para tratar contaminados pelo novo coronavírus. E pelo que está planejado, em 80 dias serão 12 hospitais entregues no combate à pandemia.

O Governo do Maranhão abriu no dia 03 de Abril o Hospital de Cuidados Intensivos (HCI), em São Luís, como primeiro hospital exclusivo para o combate ao coronavírus no Brasil, na Capital, que continua funcionando até hoje. Desde então, foram mais seis novos hospitais entregues para tratar a doença. Os já em pleno funcionamento são “Dr. Genésio Rêgo”. O “Dr. Raimundo Lima”, os hospitais de campanha de São Luís (Multicenter Sebrae), de Açailândia e de Santa Inês e a UPA de Paço Lumiar.

As unidades já entregues aumentaram de 232 para 1.680 o total de leitos em 50 dias, uma expressiva média de 29 novos leitos por dia, mais de um por hora somente na rede pública. Além disso, o Governo do Estado contratou leitos na rede privada dezenas de leitos para tratamento exclusivo da Covid-19 .
Além da rede hospitalar, o Governo estadual preparou uma rede de ambulatórios exclusivos para pacientes com Covid-19. São cinco em São Luís, Imperatriz, Santa Inês, Chapadinha e Pinheiro. Em Bacabal, outro ambulatório foi entregue em parceria com a prefeitura. Os ambulatórios atendem pacientes com sintomas leves, evitando sobrecarga nos hospitais.

Responsável direto pelas decisões maiores e avalista do desempenho operacional do secretário Carlos Lula (Saúde) e de toda a equipe envolvida no processo, o governador Flávio Dino, que tem dedicado de 12 a 14 horas diária ao desafio sem perder o controle das finanças e das outras áreas, explica a receita: “Observo os nossos números todos os dias, várias vezes ao dia. Busco sempre as melhores decisões possíveis. Estamos completando 12 hospitais inaugurados em 80 dias, com centenas de novos leitos. Temos ainda uma longa batalha, mas venceremos o coronavírus”.

É isso.

 

Negociação pode redefinir calendário eleitoral e adiar pleito municipal

Weverton Rocha: pelo adiamento do pleito

Nos próximos dias, líderes do Congresso Nacional, capitaneados pelos presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ) vão se reunir com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luís Roberto Barroso para tentar o adiamento das eleições municipais, marcadas para o dia 04 de Outubro. No TSE é dominante a posição de que o calendário eleitoral deve ser mantido, apesar do novo coronavírus. Os políticos pensam diferente, defendem o adiamento argumentando que o cenário causado pela pandemia desestruturou partidos e pré-candidatos. Partidário do adiamento, o senador maranhense Weverton Rocha (PDT) tem sido uma das vozes mais ativas do Congresso em favor de uma solução negociada com a Justiça Eleitoral, devendo integrar o grupo que negociará com o presidente do TSE, provavelmente nesta semana. Vale aguardar.

São Luís, 07 de Junho de 2020.

 

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