Arquivos mensais: outubro 2015

Gastão Vieira critica ação do PMDB no TRE para favorecer Roberto Rocha

 

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Gastão Vieira queria que Roberto Rocha fosse jugado pelo TRE

A briga pelo Senado iniciada em 2014, na qual o candidato do PSB, Roberto Rocha, saiu eleito das urnas, e que ainda estava rendendo no tapetão da Justiça Eleitoral, pode ter acabado ontem. É que o PMDB desistiu da ação em que questionava a lisura da eleição do candidato socialista e que deveria ser julgada em definitivo na próxima terça-feira (13). Por meio dos seus advogados, o partido protocolou, sexta-feira, um pedido de arquivamento da Representação 430, formalizada contra Roberto Rocha sob o argumento que elas estariam contaminadas por irregularidades insanáveis, lastreando a denúncia com uma série de documentos. A iniciativa do PMDB estaria no bojo de um acordo político com o parlamentar do PSB, que envolveria alguns compromissos de alinhamento dele em questões que tramitam no Senado e outros relacionados com a corrida para a Prefeitura de São Luís. A desistência foi revelada pelo ex-deputado federal e ex-ministro do Turismo Gastão Vieira, que disputou a senatória com Roberto Rocha, perdeu e, insatisfeito com o PMDB, deixou o partido e assumiu o comando do PROS no Maranhão.

Ontem, Gastão Vieira postou na sua página no facebook as irregularidades que, segundo ele, colocariam em xeque a prestação de contas de campanha e até mesmo o mandato de Roberto Rocha. A lista é a seguinte, segundo o ex-candidato a senador pelo PMDB: ausência de recibos eleitorais declarados; doações de recursos estimáveis em dinheiro de doadores  diversos e que possuem o mesmo endereço; doações de recursos em dinheiro não decorrentes da atividade econômica da empresa; recursos sem comprovação e avaliação do mercado de valor; divergências de valores de doação registrada no recibo eleitoral quando comparado com a prestação de contas; cessão de veículo por doador que não era proprietário do automóvel; e, o que considera mais grave, ausência de declaração de R$ 30 mil.

Em seguida, Gastão Vieira indaga: “Por que o PMDB desistiu a três dias de ser iniciado o julgamento a três dias de ser da Representação?” Acrescenta, em tom bombástico: “Em breve iremos saber!” E em contato com a Coluna, disse que as denúncias seriam suficientes para queimar o mandato de Roberto Rocha e abrir caminho para uma nova eleição para a vaga de senador. Manifestou, finalmente, a convicção de que foi prejudicado pelo PMDB na campanha, e que a desistência de agir contra Roberto Rocha comprova que o PMDB cruzou os braços em relação à sua candidatura senatorial, preferindo agora ter o senador socialista como aliado informal.

Por outro lado, a iniciativa do comando pemedebista de retirar a Representação 430 contra seu mandato, mostra que o senador Roberto Rocha se movimenta na estrada do pragmatismo. Ágil e bem articulado, o jovem senador maranhense opera para construir uma carreira independente, usando os recursos ilimitados das articulações política, abrindo ou reabrindo pontes com adversários para dar concretude a projetos ousados, entre eles o de disputar o Governo do Estado, se for o caso, com o apoio do PMDB. Certamente avalia que a legenda pemedebista dificilmente terá um candidato competitivo para enfrentar o projeto de reeleição do governador Flávio Dino (PCdoB), com quem está praticamente rompido.

Roberto Rocha investe todos os seus cartuchos na consolidação de uma carreira-solo, ao longo da qual suas decisões não estejam atreladas à conveniência de terceiros, como, por exemplo, ao governador Flávio Dino – pelo menos por enquanto. E os acordos de gaveta com o PMDB são parte importante desse roteiro que ainda vai dar muito que falar principalmente depois da grita feita por Gastão Vieira, que tem motivos de sobra para reagir como reagiu, agora também contra o PMDB.

Em tempo: não surpreende se o senador Roberto Rocha abriu e está usando um canal de entendimento com o PMDB. Afinal, foi no Grupo Sarney que ele se fez político, seguindo os passos do pai, o ex-governador Luiz Rocha, que foi, na maior parte da sua trajetória política, uma das maiores estrelas do sarneysismo, junto com os senadores Alexandre Costa, João Castelo, Edison Lobão e João Alberto. Foi para a oposição movido por circunstância, mas os registros mostram que, se nesse período não quis conversa com a cúpula do Grupo Sarney, também não se comportou como opositor ferrenho e agressivo. Deve ter aprendido com o pai, que foi uma das mais hábeis raposas políticas do seu tempo, que nesse ramo de atividade não se deve fechar todas as janelas. Não se espera que Roberto Rocha volte ao seio do sarneysismo, mas ativar canais eventuais com o grupo é prova de que está chegando à maioridade política.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

Guerra à vista

Uma disputa poderá sacudir fortemente o PMDB do Maranhão nos próximos meses. A seguinte: em guerra aberta com a direção estadual do PMDB, o ex-deputado Ricardo Murad estaria preparando-se para lançar sua filha, a deputada estadual Andrea Murad, candidata a presidente do partido, contra o senador João Alberto, em convenção estadual a ser realizada em fevereiro ou março do ano que vem. Ricardo Murad já tentou várias vezes colocar a mão no leme pemedebista, mas em todas as tentativas encontrou pela frente o “chega-pra-lá” do experiente e implacável senador João Alberto, responsável pela organização e pela unidade que o partido vem sustentando há duas décadas, sempre como o maior partido do Maranhão, posição que ainda mantém. O argumento a ser usado por Murad é o de que o PMDB precisa se renovar, se reciclar, e que a deputada Andrea Murad pode comandar esse processo com a sua jovialidade. O problema é que quem o conhece sabe que, se eleita presidente do PMDB, Andrea Murad seria presidente formal, e que o comando de fato seria de Ricardo Murad. Há quem diga que o projeto de Murad contaria com o aval da ex-governadora Roseana Sarney, mas não teria a simpatia do presidente José Sarney.

 

São Luís, 03 de Outubro de 2015.

 

 

 

 

 

 

 

 

Rose Sales entra no PV e pode liderar partidos sarneysistas na corrida à Prefeitura de São Luís

 

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De casaco verde e ouvida por Sarney Filho (C), Rose Sales fala no ato de filiação ao PV

O Grupo Sarney, que compreende a reunião de vários partidos, rascunhou ontem o seu rumo na corrida para a Prefeitura de São Luís ao receber festivamente a filiação da vereadora Rose Sales nos quadros do PV, que é o braço partidário liderado pelo deputado federal Sarney Filho. Esse rascunho ganhou traço de desenho quando o comando verde anunciou que Rose Sales deverá ser a candidata do partido à prefeita. Com a definição, o Grupo Sarney, que saiu fortemente desgastado das eleições gerais do ano passado, pode estar pavimentando dois caminhos para participar da corrida eleitoral na Capital. Um deles é fracionar a aliança tradicional, de modo a se fazer presente em várias frentes, e o outro é consolidar a pré-candidatura de Rose Sales em torno do grupo partidário formado por PV, PMDB, PTB, PSC, PSDC, DEM, entre outras legendas de menor expressão.

Com o desembarque no PV, a vereadora Rose Sales fecha um ciclo de indefinição durante o qual ela entrou em rota definitiva de colisão com o PCdoB, na esteira do seu rompimento com o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) e, depois, do seu desencanto com o governador Flávio Dino (PCdoB), num processo que culminou com a saída do partido. Sem legenda e disposta a disputar a sucessão municipal, a vereadora fez uma longa e tortuosa via crucis em busca de um partido que a aceitasse com os seus valores políticos e lhe desse a oportunidade de representá-lo na disputa para Prefeitura de São Luís.

O passo inicial da atribulada caminhada de Rose Sales em busca de um partido foi filiar-se ao PP, comandado com mão de ferro no estado pelo deputado federal Waldir Maranhão, atual vice-presidente da Câmara Federal. A Operação Lava Jato, que apura o gigantesco esquema de corrupção na Petrobras, no entanto, revelou um PP politicamente sujo, por ter sido o mais voraz com o dinheiro desviado, tanto que 19 deputados, inclusive Waldir Maranhão, e um senador estão sendo investigados. Diante da situação cabeluda, a vereadora pulou fora da barca pepista, sendo em seguida assediada por vários partidos, mas fixou seu projeto no PMDB. Foram várias rodadas de conversas com o senador João Alberto, que chegou a avaliar a possibilidade de ela vir a ser a candidata do PMDB à Prefeitura ou, num projeto de aliança, indicá-la como candidata a vice. Não deu certo.

O PV foi o projeto político que mais a entusiasmou. Primeiro porque, dos partidos alternativos, ele é de longe o mais consolidado, e depois, trata-se de uma legenda com ideologia, doutrina e programa e com um projeto político coerente, equilibrado e voltado para causas nobres, a começar pela preservação do meio ambiente. No Maranhão, mesmo pertencendo umbilicalmente ao Grupo Sarney, o PV, sob o comando do deputado federal Sarney Filho, consegue manter uma linha política mais leve, o que o distancia do braço mais conservador do grupo liderado pela ex-governadora Roseana Sarney. Além disso, o PV maranhense é visto como o canal por meio do qual o sarneysismo tenta se reciclar, mostrar cara nova, tarefa hoje desincumbida pelos deputados Adriano Sarney e Edilázio Jr.

É nesse contexto de mudança que a vereadora Rose Sales desembarca no PV, onde, tudo indica, ganhará espaço para levar à frente seu discurso de oposição ao prefeito Edivaldo Jr. (PDT), de quem se afastou por razões até agora não muito bem esclarecidas, sendo a versão dominante a de que ela não teve o espaço que pretendeu na administração municipal.

Se confirmada candidata do PV à Prefeitura de São Luís, a vereadora Rose Sales terá pela frente outro desafio tão difícil quanto o de enfrentar o  projeto de reeleição do prefeito Edivaldo Jr.: travar uma disputa dura, sem trégua, mas saudável, com a deputada federal Eliziane Gama, que deixou o velho e cansado PPS para embalar em São Luís a novíssima Rede Sustentabilidade criada por Marina Silva. O ponto central desse embate é que o PV e a Rede professam o viés ambientalista e devem usar o mesmo mote na corrida eleitoral. Será um duelo à parte, que poderá beneficiar o prefeito Edivaldo Jr., que já deu mostras de que está se preparando para uma campanha dura e difícil.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

Sem tornozeleira

joão abreu 5O ex-secretário-chefe da Casa Civil João Abreu não vai mais usar a tornozeleira que recebeu como uma das condições para ter sua prisão relaxada. Ontem, o empresário obteve da Justiça autorização para retirar a tornozeleira eletrônica que usava por determinação do desembargador José Luiz Almeida. A decisão foi tomada pelo desembargador Raimundo Barros, acatando argumento da defesa de que a medida era “extrema e descabida”. Barros se convenceu de que João Abreu é réu primário, se entregou à Polícia Civil quando sua prisão preventiva foi decretada, tem colaborado com a Polícia e não praticou nenhum gesto que pudesse ser interpretado como prejudicial às investigações. Além do mais, na liminar que concedeu o habeas corpus que relaxou sua prisão, João Abreu se obrigou a não sair de São Luís, entregar o passaporte para a Polícia, não fazer contato com os outros investigados e se apresentar em juízo todos os meses com um relatório das suas atividades. E teria de cumprir todas as exigências usando uma tornozeleira, para ser monitorado pela Polícia. As outras exigências continuam, mas agora sem o incômodo artefato eletrônico no tornozelo.

 

Carta solidária

edilson baldez 1Várias manifestações de solidariedade alcançaram o empresário e ex-chefe da Casa Civil no Governo Roseana Sarney. Agora partiu do empresário Edilson Baldez, presidente da Fiema e do Conselho Deliberativo do Sebrae no Maranhão, e um dos mais importantes líderes empresariais do estado. Ele emitiu carta aberta, de caráter pessoal, na qual manifesta apoio ao amigo, que foi preso acusado de receber propina no rumoroso e ainda não totalmente esclarecido caso do precatório da Constran. Segue, na íntegra, a carta de Edilson Baldez:

Venho, como amigo, prestar solidariedade a você que contribuiu de forma significativa à frente de instituições como a Associação Comercial do maranhão, Sebrae do Maranhão e Governo do Estado.

Ao longo da sua vida empresarial e política, o homem público João Abreu conquistou o nosso respeito e admiração. Sempre nos tratou com solicitude e elegância, ajudando a costurar importantes iniciativas em prol do desenvolvimento, reforçando a imagem de um gestor sereno, firme, ousado e aberto ao diálogo.

“Sabemos da sua seriedade, do seu compromisso com a coisa pública e da retidão como homem público, e lamento, juntamente com os meus pares, a forma como aconteceu esse episódio”.

Cordialmente

Edilson Baldez das Neves

 

São Luís, 02 de Outubro de 2015

Prisão de João Abreu disparou o alerta vermelho na direção de Ricardo Murad

 

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Ricardo Murad usa o ataque como defesa

A julgar pelo que vêm denunciando seus aliados, em especial os deputados estaduais Andrea Murad (PMDB), sua filha, e Souza Neto (PTN), seu genro, em discursos estridentes, o ex-deputado estadual Ricardo Murad (PMDB), o todo-poderoso secretário de Estado da Saúde nos dois últimos períodos de governo de Roseana Sarney (PMDB), está correndo sérios riscos de ser preso. A prisão anunciada seria, segundo eles, uma armação do secretário de Estado da Segurança Pública, Jefferson Portela, para levar à frente o que, segundo os parlamentares, seria uma política de perseguição a adversários por ordem do governador Flávio Dino (PCdoB), e no caso de Ricardo Murad uma fórmula para tirá-lo do cenário político e abrir caminho para prender também a ex-governadora Roseana Sarney. Essa mega trama seria motivada por ódio puro e simples, situação que não encontra similar em qualquer momento da história política recente.

Nos bastidores político, onde trafegam com intensidade as mais diversas versões, vozes governistas batem forte na denúncia, afirmando categoricamente que ela é fantasiosa, e garantindo que o que existe mesmo em andamento são investigações para apurar supostos malfeitos do ex-deputado Ricardo Murad, como secretário estadual de Saúde, no comando do mega programa Saúde é Vida. Mas as mesmas vozes governistas dizem que as investigações mais avançadas estão a cargo da Polícia Federal (PF), porque os recursos supostamente mal aplicados ou desviados foram liberados pela União. Existem também investigações da Polícia Civil em curso, que também estariam avançadas. “Mas se o Ricardo Murad tiver de ser preso agora, ele será preso pela Polícia Federal”, disse uma fonte política bem situada na base governista.

O nome da ex-governadora Roseana Sarney entra no rolo dos rumores como decorrência natural do fato de ter sido ela a comandante maior do governo sobre o qual estão desabando denúncias. Nada além disso até aqui.

Nesse contexto de denúncias, contestações, ditos e desmentidos, alguns mais cuidadosos avaliam que as denúncias feitas por Ricardo Murad e seus aliados seriam o emprego da clássica estratégia na qual a melhor defesa é o ataque. Sem outros recursos para enfrentar a máquina política governista – que conhece muito bem em todos os seus aspectos – o ex-deputado bombardeia o governador do Estado e seus secretários com denúncias de perseguição política e por ódio puro e simples, disparando também denúncias de supostos escorregões éticos do novo governo, que até agora não foram confirmados. Enfim, uma guerra de discursos, com a diferença de que, além da fala, o rebate governista garante estar colhendo provas que, cedo ou tarde, colocarão o ex-secretário de Saúde contra a parede, numa espécie de sinuca de bico da qual dificilmente sairá ileso.

O alerta vermelho na seara de Ricardo Murad foi disparado com a prisão, na semana passada, do empresário João Abreu, ex-chefe da Casa Civil no último governo de Roseana Sarney, acusado de receber do doleiro Alberto Youssef propina de R$ 3 milhões para facilitar o pagamento de precatório de R$ 113 milhões à empreiteira Constran. O fato estremeceu de vez a cidadela de Ricardo Murad e tirou do eixo o comando do Grupo Sarney, a começar pela ex-governadora Roseana Sarney, que reagiu cm uma nota na qual usou o discurso do ex-secretário de Saúde, acusando o governador Flavio Dino de instalar no Maranhão um clima de “ódio, perseguição e intolerância” – Dino agiu como se não tivesse tomado conhecimento.

A Coluna ouviu fontes dos dois lados e chegou à conclusão de que a prisão do ex-deputado Ricardo Murad é uma possibilidade real, pois a PF já teria elementos para tirá-lo de circulação em caráter preventivo. E ele já teria plena consciência de tal risco, o que explicaria a sua reação de agora, intensa, agressiva e feita em tom de denúncia. Essa reação indica que, traquejado no embate político e no jogo do poder, no qual foi forjado, Murad está se preparando para ser um adversário duro de dobrar. Era o que muitos pensavam a respeito de João Abreu, e deu no que deu.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Ana do Gás é  mais que sorrisos I

ana do gás 2Engana-se quem pensa que deputada Ana do Gás (PRB) é apenas uma mulher bonita, uma primeira-dama mimada e uma parlamentar simpática que a todos cativa com um largo sorriso e gestos gentis. Ontem ela revelou-se uma política que não engole desaforo e que, se provocada, joga pesado com adversários. Aconteceu o seguinte: o deputado Vinícius Louro (PR), um parlamentar jovem e atuante que tem base no Médio Mearim, reclamou, da tribuna, que ele e seu pai, o ex-deputado Raimundo Louro, foram desrespeitados por Ana do Gás num ato político do PCdoB em Esperantinópolis. Só que o ato era promovido por um aliado da deputada e cujos partidários não gostaram da presença dos Louro. Estimulada pelos descontentes, Ana do Gás disse que o deputado Vinícius Louro e seu pai Raimundo Louro agiram como “caras de pau” ao se fazerem presentes na festa política, causando um forte mal-estar. Vinícius Louro criticou duramente a deputada e contou que ele e o pai só foram ao ato porque foram convidados. E, depois de criticar Ana do Gás, disse que a colega não é dona da região do Médio Mearim nem Esperantinópolis é seu “curral” eleitoral. E fechou dizendo que, ao invés de querer mandar no município, a deputada deveria investir ali parte dos recursos de suas emendas parlamentares.

Ana do Gás é mais que sorrisos II

Diante das estocadas do deputado Vinícius Louro, a deputada Ana do Gás foi à tribuna e, sem alterar a voz, mas em tom firme, assinalou, primeiro, que nem sempre um convite deve ser aceito, e que os Louro não deveriam estar no ato em Esperantinópolis. Relatou que só os chamou de “caras de pau” porque foi cobrada por “mais de cem” partidários que não queriam os Louro lá. Num discurso cada vez mais enfático, ela disse não ter curral eleitoral, “por que não trato eleitor como bicho, mas como gente igual a mim”. Aconselhou, em tom irônico, mas enfático, o deputado a “ir se acostumando com minha presença, porque o Médio Mearim não lhe pertence”. E fechou sua reação revelando mais ainda da sua forte personalidade ao comentar a sugestão do deputado de investir parte das suas emendas em Esperantinópolis. – Cuide das suas emendas que eu cuido das minhas. Sou deputada, sou casada, sou primeira-dama de Santo Antonio dos Lopes, mas nem meu marido diz onde devo aplicar as minhas emendas. Isso é assunto meu, dos meus eleitores e de mais ninguém”.

 

Racha?! Onde?!

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Valéria Lauande entre Caldas Góis Jr. e Daniel Blume

Os bastidores da corrida pelo comando da OAB – que começa a ganhar aceleração – foram ontem incendiados pela informação segundo a qual o grupo que embala a candidatura de Valéria Lauande a presidente teria sofrido um racha por causa de uma suposta briga entre os advogados  Caldas Góis Jr. e Daniel Blume pela vaga de conselheiro federal. Ontem à noite, durante reunião do grupo liderado por Lauande, Os dois advogados discursaram e desmentiram, com veemência, a informação sobre o suposto racha. Com o desmentido, o grupo saiu da reunião inteiro, e pelo que se comentou, bem mais forte.

0São Luís, 02 de Outubro de 2015.

Filho de Lula tem de explicar atos suspeitos, como Dirceu, Roseana e Lobão. Por que não?

 

DF - MENSALÃO/JOSÉ DIRCEU/PRISÃO DOMICILIAR - POLÍTICA - O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu,   condenado no processo do mensalão, é visto   saindo do Centro de Progressão Penitenciária   (CPP), em Brasília, rumo ao seu trabalho em   um escritório de advocacia. O ministro Luís   Roberto Barroso, do Supremo Tribunal   Federal (STF), autorizou que Dirceu passe a   cumprir em casa a pena a ele imposta.   Condenado a 7 anos e 11 meses de prisão, ele   cumpre a pena desde 15 de novembro do ano   passado no regime semiaberto, em que tem   permissão para sair durante o dia para trabalhar e   retornar à noite para a prisão.    29/10/2014 - Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
Dirceu, Roseana e Lobão já enfrentaram interrogatórios
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Filho de Lula vai ter de depor na Polícia Federal

Muita gente anda se escandalizando com decisões judiciais que estão alcançando pessoas importantes ou ligadas a elas no âmbito das operações que investigam e põem a nu denúncias de corrupção na máquina pública, como a Operação Lava Jato, a mais ampla, abrangente e espetacular já realizada e que, com todos os seus eventuais tropeços, está mudando a feição do Brasil. A bola da vez defendida pelos inconformados é Luis Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula, que está sob investigação na Operação Zelote – um braço da Lava Jato no campo fiscal – por suspeita de fazer tráfico de influência no Governo Federal e receber por isso boladas milionárias de empresas ligadas aos esportes. O simples fato de ele ter sido notificado para prestar depoimento na semana que vem foi recebido pelo governo central, pela cúpula do PT e por amigos e familiares dele como uma afronta, uma tentativa de desmoralizar o ex-presidente, como se a Justiça Federal, o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF), responsáveis pela investigação e pela notificação, se movessem pela velha regra do “isso pode, isso não pode”. Isso ficou claro em situações envolvendo personalidades políticas maranhenses.

A Constituição Federal, com sua veia cidadã, é clara: a lei é para todos, sem nenhuma exceção, e ponto final. O melhor exemplo disso é que um dos maiores ícones da esquerda continental e da luta contra a ditadura, um dos fundadores do PT e formulador dos governos de Lula, José Dirceu está na cadeia, condenado por corrupção no mensalão, e pode agora ser enquadrado também no petrolão – há quem diga que a condenação é injusta, que ele foi acusado sem provas e tal, mas o fato é que Dirceu não conseguiu desmontar a acusação. No mesmo patamar está o empresário Marcelo Odebrecht, o todo poderoso dono e chefe maior da Norberto Odebrecht, o gigantesco conglomerado da construção civil da América Latina, que também está na cadeia na condição de armador do esquema de corrupção na Petrobras. Difícil, portanto, aceitar o argumento de perseguição, pois esses dois exemplos reduzem essa suspeita a quase zero.

Não há como livrar o filho de Lula de pelo menos dar uma explicação convincente à PF e ao país. As investigações identificaram uma relação suspeita da empresa dele, a LFT Marketing Esportivo, com a Touchdown  Marketing Esportivo, envolvendo quantias milionárias aparentemente sem prestação de serviço algum e indícios de tráfico de influência no Palácio do Planalto. E agora Luis Cláudio Lula terá de explicar a origem e o motivo dos depósitos de mais de R$ 2 milhões na conta da sua empresa. É simples. Basta que ele informe corretamente, com comprovantes fiscais – notas fiscais relatando os serviços e os valores cobrados – e tudo estará resolvido. Se fizer isso, como manda a lei, o filho de Lula sairá do processo investigatório limpo, com autoridade até para buscar reparação por danos morais e dando a seu pai mais argumentos para reforçar seu discurso político. Do contrário, o caso poderá resultar numa tragédia moral, ética e política para a família Lula da Silva, especialmente para o ex-presidente. E não pode ser de outra maneira.

A ex-governadora Roseana Sarney já viveu situações como essa. No Caso Lunus, a parte maranhense de uma gigantesca operação, ocorrida em março de 2002, que investigou suspeitas de corrupção na Sudam, ela prestou depoimento na sede local da Polícia Federal, no Anil. A pedido dos seus advogados, seu depoimento ocorreu à noite, para evitar tumultos com a imprensa. Há notícia de que os delegados foram muito duros nas indagações, mas ela, então senadora da República, deu as explicações em relação à reunião da Sudam e outros itens da investigação. Mais de um ano depois foi inocentada pela Justiça, inclusive recebendo de volta, nota sobre nota, a bolada que a PF confiscou no escritório da Lunus.

Agora, na Lava Jato, já como ex-governadora, Roseana prestou depoimento em Brasília. Corre nos bastidores políticos que, por falta de elementos, o interrogatório foi ameno e tranquilo e que ela saiu-se muito bem nas respostas, fragilizando fortemente a acusação. E é bem provável que saia ilesa do caso. E no final da semana passada, a Coluna foi informada de que Roseana Sarney estaria sendo notificada para prestar depoimento no Caso do Precatório da Constran, que levou o empresário João Abreu, influente chefe da Casa Civil no governo dela, para a prisão preventiva, que cumpre em casa. Não houve como confirmar a informação da notificação porque o caso corre em segredo de Justiça.

O mesmo acontece na Operação Lava Jato com o senador Edison Lobão (PMDB), alvo de acusações no polêmico e controvertido processo de delação premiada, no qual bandidos contam o que sabem, ou o que querem, dedurando supostos envolvidos, para ganhar redução de pena. Consciente de que a lei é para todos, Lobão vem cumprindo rigorosamente todas as etapas, sem fazer alarde nem papel de vítima. Prestou depoimento à Polícia Federal, contestou as acusações e agora aguarda o desfecho do caso, estimulado pelo fato de que até o momento nada do que os delatores disseram se confirmou.

Não há, portanto, como tentar politizar processo. O que os acusados têm de fazer é contestar a acusação e provar que são inocentes ou, dependendo da situação, exigir que os delatores provem o que disseram. Nada além disso.

 

PONTOS & CONTRAPONTOS

 

Lá fora é assim I

sarkozy 1A caça a corruptos ganha força em todo mundo. Na França, por exemplo, o ex-presidente Nicolai Sarkozy – que gravou uma mensagem parabenizando Lula no dia do seu aniversário, data também em que Luis Cláudio Lula foi notificado -, apareceu como suspeito de desvio. Não deu outra: o Ministério Público pediu a investigação e a Polícia francesa não perdeu tempo, e menos de um mês depois Sarkozy desceu do alto do seu prestígio, e como cidadão comum foi a uma delegacia de polícia encarar um duro interrogatório, no qual deu as explicações que podia dar. O caso ainda está rolando na Justiça francesa, muito embora já se saiba que o ex-presidente deve sair ileso, devendo até tentar voltar ao Palácio Eliseu daqui a dois anos.

 

Lá fora é assim II

socrates 1No ano passado, Portugal entrou em estado de choque com a prisão, por suspeita de corrupção, do ex-primeiro-ministro José Sócrates, do Partido Socialista. Um dos mais notáveis políticos da geração pós-Revolução dos Cravos e um dos ícones da nova esquerda europeia, Sócrates foi acusado de manter relações promíscuas com empreiteiras portuguesas e brasileiras – Odebrecht e Andrade Gutierres -, que resultaram na compra de um belo apartamento em bairro chique de Paris e em outras vantagens financeiras. Diante das evidências, a Justiça mandou prendê-lo, causando uma comoção contida em Portugal. Durante as semanas seguintes, não se falou em outra coisa no país. Em Lisboa, nas rodas de conversa, grupos pró e contra Sócrates debateram freneticamente, quase indo às vias de fato. E mesmo alguns comentaristas que defenderam o ex-primeiro-ministro, não ousaram acusar o Ministério Público e a Polícia de agirem politicamente. Lá também promotor e juiz responsáveis pelo caso viraram celebridades, como Sérgio Moro.

 

Lá fora é assim III

Recentemente, a pequena Guatemala, Otto Pérez Molina, onde a democracia se instalou de vez, depôs o presidente da República por envolvimento num esquema de corrupção. A ação da Polícia, do Ministério Público, da Justiça e do Congresso Nacional de lá foi exemplar: diante das provas, o presidente foi processado e condenado em processo fulminante. Renunciou antes da conclusão do processo, mas f ei preso após entregar a faixa.

 

 

São Luís, 01 de Novembro de 2015.