Corrida à Prefeitura de São Luís começa ressuscitando o que há de mais saudável na política: a conversa

 

Acima: Rubens Júnior conversa com Honorato Fernandes; no meio: Simplício Araújo conversa com Duarte Júnior e Carlos Madeira, e embaixo: Franklin Douglas conversa com Bira do Pindaré

O eleitor ludovicense mais atento está assistindo a um processo político saudável: pré-candidatos à Prefeitura de São Luís mergulhados em articulações que se dão por meio de conversas entre representantes partidários em busca de alianças que lhes garantam lastro político e eleitoral para a corrida às urnas daqui a pouco mais de nove meses. Nas últimas duas semanas foram registrados encontros diversos nesse sentido, entre eles o da cúpula do Solidariedade com os aspirantes a candidato Duarte Jr. (PCdoB) e Carlos Madeira (que deve se filiar ao SD), o de Bira do Pindaré (PSB) com Franklin Douglas (PSOL), o que reuniu Rubens Júnior (PCdoB) e Honorato Fernandes (PT), e a rumorosa conversa de Eduardo Braide (Podemos) com Josimar de Maranhãozinho (PL), além vários outros a respeito dos quais só se soube por meio de rumores de bastidor. Uma das conversas mais importantes se deu entre o governador Flávio Dino (PCdoB) e o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT), tendo o primeiro entregue a coordenação do processo político-eleitoral ao segundo, que deve deflagrar a operação no final de fevereiro ou no início de março.

É universal a tradição segundo a qual política é a arte de alcançar o impossível por meio da boa conversa. Mas no Maranhão, durante muitos anos, as decisões foram tomadas na mansão do Calhau, o QG do Grupo Sarney, onde todos dependiam da palavra final de José Sarney e, mais recentemente, de Roseana Sarney. No campo oposicionista, as decisões eram tomadas no apartamento de Jackson Lago, que tinha a palavra final sobre qualquer decisão do PDT, e na residência de João Castelo, que também costumava bater martelo sem levar muito em conta a opinião de aliados.

O que está acontecendo agora na Capital, por conta da sucessão no Palácio de la Ravardière, é a reinvenção da política por excelência, na qual propor alianças e até mesmo dialogar com adversários deixou de ser heresia, valendo o que for acertado na mesa de negociação, na qual se faz propostas e concessões para se obter bons acordos, como recomenda a boa prática política. Um exemplo dessa boa prática são as investidas do chefe do Solidariedade, Simplício Araújo, em busca de um candidato para seu partido, abrindo caminho para entendimentos em diversas direções. Também a conversa de Rubens Júnior com o chefe petista Honorato Fernandes demonstra ser possível a construção de uma aliança PCdoB/PT visando a Prefeitura de São Luís.

Quando Bira do Pindaré e Franklin Douglas conversam sobre a conveniência política de PSB e PSOL marcharem alinhados, se possível levando junto PCB e PT. Com a iniciativa, demonstram que o isolamento de alguns segmentos da esquerda mais radical pode ser quebrado, de modo a que eles possam formar o lastro de uma chapa potencialmente forte, se encabeçada pelo parlamentar do PSB, já testado nas urnas da Capital. O mesmo ocorre quando o senador Weverton Rocha comanda entendimentos do PDT com Neto Evangelista, do DEM, e Roberto Costa propõe a candidatura da ex-governadora Roseana Sarney, ao mesmo tempo em que tenta abrir o MDB em todas as direções. Diferentemente de outros tempos, as conversas se dão sem a preocupação de os articuladores estarem contrariando chefes maiores dos seus grupos.

Esse novo movimento no tabuleiro político de São Luís é em grande medida resultado da visão política do governador Flávio Dino, que é o comandante inconteste de uma ampla aliança, mas não reprime a ação política dos líderes que dela fazem parte. No caso da sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior, vários nomes se movimentam em busca de apoio para lançar candidaturas. Ninguém foi atropelado. Isso significa dizer que a aliança comandada pelo governador pode formar fileira em torno de um candidato, podendo também pode se dividir para embalar várias candidaturas, que terminarão por de mobilizar no apoio à mais viável.

É a boa prática política em andamento.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Se Luciano Huck for candidato pelo Cidadania, Eliziane Gama pode ficar em situação delicada

Eliziane Gama: corrida presidencial poderá colocá-la numa saia muito justa

A senadora Eliziane Gama acompanha atentamente a movimentação do chefe maior do seu partido, o Cidadania, Roberto Freire, no sentido de emplacar o apresentador Luciano Huck como candidato da agremiação a presidente da República em 2022. Eleita para o Senado com o apoio decisivo do governador Flávio Dino, Eliziane Gama ficará numa tremenda saia justa se o projeto de Roberto Freire ganhar força e o governador Flávio Dino também entre na corrida presidencial pelo PCdoB. Nos últimos dias, Roberto Freire tem se movimentado intensamente para atrair Luciano Huck para o Cidadania, uma vez que, mesmo com o apoio aberto e assumido do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a filiação ao apresentador ao PSDB foi mortalmente bombardeada pelo governador de São Paulo, João Dória, que dá hoje as cartas no partido e é candidatíssimo à sucessão do presidente Jair Bolsonaro. Hoje um dos nomes mais destacados do Cidadania no Congresso Nacional, a senadora Eliziane Gama terá de tomar uma decisão dificílima se Luciano Huck sair candidato pelo seu partido e o governador Flávio Dino entrar na corrida presidencial pelo PCdoB.

 

Presença da primeira-dama na comitiva do prefeito de São Luís tem chamado a atenção

A primeira-dama Camila Holanda tem acompanhado o prefeito Edivaldo Holanda Júnior em todas incursões dele para inspecionar obras em andamento nos bairros

Aumenta a cada dia a curiosidade geral a respeito do que está realmente motivando a participação da primeira-dama de São Luís, Camila Holanda, nas incursões diárias do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) pelos bairros de São Luís onde estão sendo realizadas obras da Prefeitura. No primeiro mandato do marido, de quem é o maior esteio, Camila Holanda teve participação discreta, distante da rotina de trabalho do prefeito. Desde o ano passado, porém, ela se tornou parte ativa e permanente dessa rotina, usando capacete de proteção, calças jeans surradas e calçando botas para pisar na lama, se for o caso. Fala pouco, evita palpite técnicos, mas os auxiliares mais próximos do prefeito já teriam aprendido a identificar no seu olhar as expressões de aprovação e desaprovação em relação às obras vistoriadas. Há quem diga que Camila Holanda estaria se preparando para uma tarefa política de grande envergadura, mas ninguém arrisca um palpite a respeito. O fato é que sua juventude, beleza e simpatia têm dado um armais leve à comitiva do prefeito Edivaldo Holanda Júnior.

São Luís, 10 de Janeiro de 2020.

Um comentário sobre “Corrida à Prefeitura de São Luís começa ressuscitando o que há de mais saudável na política: a conversa

  1. A conversa é realmente sempre bem vinda, infelizmente o que estamos vendo é alguns parlamentares arreando a calça e atacando outros. O que eu menos vejo em tretas e que segue trabalhando e tendo conversas sérias é Rubens

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