“Lula foi preso para não ser presidente da República outra vez”. A afirmação, em tom contundente, foi feita pelo senador Edison Lobão (MDB), no plenário do Senado, em aparte a um igualmente forte discurso em que o senador catarinense Roberto Requião (MDB), criticou duramente a prisão do ex-presidente Lua da Silva (PT), sob a acusação, sem nenhuma prova documental e baseada em declarações premiadas de delatores, de que ele teria recebido um triplex no Guarujá (SP) como propina da construtora OAS. O aparte de Lobão corroborando com as duras críticas de Requião ao uso, para ele distorcido e ilegal, de delações premiadas como provas, ecoou fortemente dentro do seu partido, foi festejado pelo PT, reacendeu o debate sobre aspectos da Operação Lava Jato e, mais do que isso, intensificou a movimentação na corrida pelo Palácio do Planalto.
Ex-ministro de ministro de Minas e Energia no Governo Lula e, nessa condição, investigado a partir das delações do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, o senador Edison Lobão interpretou a prisão do ex-presidente petista como uma ação política destinada a sua volta ao comando do País, comparando-o aos ex-presidentes Getúlio Vargas, que se suicidou para não acabar presido, e Juscelino Kubistchek, que foi cassado pelos militares por conta da sua liderança.
No aparte surpreendente pela contundência crítica, que foi interpretado como por uns como um gesto de lealdade ao ex-presidente Lula, de quem foi ministro e com quem construiu uma sólida relação pessoal, e por outros como uma manifestação também ao seu próprio favor como investigado até agora sem prova, Edison Lobão indagou, enfático: “Como se pode impedir que o maior líder nacional – não pelo que foi ontem, mas pelo que é hoje – de se exibir, de corpo inteiro, aos perigos da noite de uma eleição nova?”. E atacou, com igual contundência, o uso, para ele abusivo, das delações premiadas como base de acusação:
– Delação sem provas. Este é o crime. Relembre-se que o ministro (do Supremo) Teori Zavaski, sempre que despachava um papel autorizando uma investigação, dizia às autoridades da investigação: Atente-se para o fato de que delação não é prova, é apenas um caminho para a investigação. Mas o que se tem visto é que a delação aos poucos vai se transformando em prova.
E cm uma argumentação forte, situou o caso do ex-presidente Lula nesse contexto: “Vossa Excelência dizia há pouco que não há prova contra o Lula no que diz respeito ao triplex. Não há prova de que é dele, na medida em que se demonstrou que o imóvel pertence a uma construtora. Portanto, a prova que existe é a favor do Lula, e não contra ele. Mas insiste-se em dizer (que o triplex) pertence a ele. E em nome desta falácia, dessa falsidade, ele foi preso. E lá se encontra numa enxovia (cela de prisão escura e suja) por conta dessa falsidade”.
O senador emedebista avaliou que “os delatores têm feito um grande mal ao País, à medida que não provam nada do que afirmam”. Citou o exemplo do corrupto assumido Pedro Barusco, “um simples ex-coordenador de área da Petrobras”, que desviou milhões no esquema, fez uma ampla delação, devolveu parte do dinheiro e hoje está vivendo nas aprazíveis praias do Guarujá, no litoral de São Paulo. E concluiu avaliando que a Lava Jato “é um bem e não um mal”, e que a “maior parte” do Poder Judiciário é justa, citando o caso da senadora petista Gleisi Hoffmann, que foi denunciada por delatores, mas foi absolvida pelo Supremo por falta de provas. “O Caso Gleisi é prova de que o Supremo não perdeu o rumo”, assinalou.
No aparte ao colega emedebista Roberto Requião, o senador Edison Lobão instalou a sucessão presidencial no centro do debate, alertando para a interpretação segundo a qual decisões judiciais polêmicas e marcadas pela controvérsia estão interferindo fortemente no curso político do País, sendo a prisão do ex-presidente Lula uma intervenção que ameaça gravemente a estabilidade institucional do Brasil. Por essa visão, tal distorção só será corrigida com a revisão do Caso Lula, sua libertação e participação no processo que levou o ex-presidente Lula à prisão.
PONTO & CONTRAPONTO
Operação tenta acalmar os ânimos no PSDB, mas candidatura de José Reinado ao Senado corre risco
Está em curso no PSDB uma operação para evitar que as diferenças entre o presidente do partido e candidato a governador, senador Roberto Rocha, e o ex-governador José Reinaldo Tavares, candidato ao Senado, desaguem numa crise insolúvel, que resulte num desfecho traumático para o partido, que pode ser a mudança no quadro de candidatos a senador. Depois de um largo período de ação paralela, distanciada da direção partidária e às vezes até de confronto, José Reinaldo se deu conta de que a ameaça de tirar-lhe a vaga de candidato será consumada por Roberto Rocha, que começou a propagar o deputado federal Waldir Maranhão como novo nome para compor a chapa com o deputado estadual Alexandre Almeida. Numa estratégia de recuo, o ex-governador andou dândi declarações a favor de Roberto Rocha, elogiando seu trabalho no Senado e declarando-se favorável à sua candidatura ao Governo do Estado. Ao mesmo tempo, José Reinaldo procurou a direção nacional do partido em busca de apoio. Até ontem, segundo fonte acreditada do partido, o clima tenso havia “estabilizado”, sem novos problemas, mas também sem uma sinalização clara de que a direção tenha recuado no propósito de mudar o candidato. O ex-governador José Reinado sabe que sua candidatura a senador depende mais da boa vontade de Roberto Rocha, que preside o PSDB no Maranhão, e do ex-prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira, que é o secretário geral. Os dois controlam o Diretório estadual, e qualquer decisão tomada pelo colegiado dificilmente será desmanchada pelo Diretório nacional, que tem muito mais com o que se preocupar do que as encrencas do Maranhão. A operação em curso poderá até acalmar os ânimos, mas dificilmente mudará o estado de ânimo de Rocha e Madeira em relação a José Reinaldo.
“Arraiá do Povo”, da Assembleia Legislativa, tem gran finale neste sábado
Poucas vezes uma festa junina organizada por um Poder teve repercussão tão ampla e, por conta disso, seus organizadores resolveram ampliar a programação, acrescentando mais uma noite de alegria, exatamente na animada véspera de São João. Foi o que aconteceu com o “Arraiá do Povo”, da Assembleia Legislativa, organizado pelo seu braço social, o Grupo de Esposas de Deputados do Maranhão (Gedema), agora comandado por Ana Paula Lobato, esposa do presidente do Poder Legislativo, deputado Othelino Neto (PCdoB). A festa foi programada para ser uma grande prévia junina nos dias 14, 15 e 16, mas o sucesso foi tão grande que o presidente Othelino Neto foi alcançado por inúmeros pedidos para que a programação fosse estendida. Também motivado pelo que viveu nas três noites, o presidente, de acordo com o Gedema, decidiu realizar mais uma noite, a véspera de São João, neste sábado (23). Para tanto, a estrutura foi mantida intacta, com todos os equipamentos necessários: “Vamos contar, novamente, com estrutura incluindo banheiros químicos, tenda para atendimento médico preventivo, playground para crianças, barracas para comercialização de comida típica, um grande palco, mesas e cadeiras espalhadas pelo espaço, rampa de acessibilidade para pessoas com deficiência, entre outros detalhes, ou seja, toda a infraestrutura utilizada nas primeiras três noites” informou Geraldo Oliveira, subdiretor de Manutenção de Serviços da Assembleia Legislativa. A decisão de realizar o “Arraiá do Povo” mais uma noite foi explicada pelo presidente Othelino Neto: “Foram muitos pedidos e muitos elogios”. E justificada pela presidente do Gedema, Ana Paula Lobato: “Não poderíamos deixar de atender a esse pedido especial do grande público. É uma forma de agradecimento e de homenagem”. E quem for hoje à festa do Legislativo curtirá: Boi de Presidente Juscelino (19h), Quadrilharte de Alcântara (20h), Show de Gargamel (21), Boi Upaon-Açu (22h), Boi Pirilampo (23h), Boi da Maioba (24h), Show de Josy Porto (1h).
São Luís, 22 de Junho de 2018.