Uma bem armada articulação nos bastidores da Assembleia Legislativa levou a ex-prefeita, ex-deputada e atual suplente de deputada estadual Socorro Waquim (MDB) a assumir ontem, temporariamente, o mandato parlamentar na vaga do deputado Rigo Teles (PV), fato que poderá ter forte influência na corrida sucessória à Prefeitura de Timon. O movimento foi conduzido pelo articulador do MDB, deputado Roberto Costa, e contou com o aval político do presidente do parlamento, deputado Othelino Neto (PCdoB). Como deputada, Socorro Waquim disputará a Prefeitura de Timon com apoio total do partido e com um sólido lastro político, o que deve transformar corrida à sucessão do prefeito Luciano Leitoa (PSB) numa guerra eleitoral de desfecho rigorosamente imprevisível. Nessa disputa estão em jogo o futuro do Grupo Leitoa, que controla o PSB e o PDT no município e comanda a Prefeitura desde a última década do século passado; o Grupo Waquim, que vem se alternando no poder municipal, e o Grupo Almeida, comandado pelo ex-deputado estadual Alexandre Almeida (PSDB), que nunca chegou ao poder, mas tem cacife para desequilibrar uma disputa polarizada.
Os Leitoa, os Waquim e os Almeida estão ameaçados de perder o controle administrativo e político de Timon com a possibilidade da eleição do Coronel Schneyder (Republicanos), um oficial da PM que se tornou um outsider e vem liderando todas as pesquisas. Os levantamentos mais recentes indicam que ele vem perdendo fôlego, ao tempo em que a ex-prefeita vem reforçando o seu cacife político e eleitoral, sendo apontada como o nome que, no momento, reúne as condições para polarizar com o oficial que virou político com um discurso atacando a corrupção e prometendo mão de ferro contra a violência.
Terceiro maior município do Maranhão, com 180 mil habitantes e expressivo peso eleitoral no estado, Timon é politicamente estratégico, o que torna tensa a luta pelo poder local. Ali, os Leitoa, que controlam PSB e PDT, têm o prefeito e um deputado estadual, mas não souberam construir um candidato forte à sucessão do prefeito Luciano Leitoa. Durante meses, todos os sinais apontavam que o candidato seria o ativo e bem articulado deputado Rafael Leitoa (PDT), mas o projeto foi arquivado, levando o grupo a apostar na professora Dinair Veloso (PDT), secretária de Educação e quadro de confiança do prefeito e do líder maior do grupo, o ex-prefeito Chico Leitoa. Outros nomes se posicionaram e devem manter suas candidaturas, entre eles o vice-prefeito João Rodolfo (PCdoB), e o empresário Henrique Júnior (PMN). Não há qualquer sinal indicando um entendimento entre os grupos dominantes, embora se especule que a emedebista Socorro Waquim poderá receber o apoio do grupo liderado por Alexandre Almeida, caso o PSDB não lance um candidato.
Ao articular a licença de dois meses do deputado Rigo Teles – que disputará a Prefeitura de Barra do Corda -, o deputado Roberto Costa avisou que aposta alto na candidatura de Socorro Waquim, indicando que o MDB vai jogar todo o seu poder de fogo para tê-la de volta à Prefeitura de Timon. Política experiente e líder de uma expressiva fatia do eleitorado timonense, Socorro Waquim já é, segundo pesquisa recente, o principal adversário do Coronel Schneyder. E se a especulação sobre a possibilidade de ela receber o apoio do ex-deputado Alexandre Almeida vier a se confirmar, sua candidatura ganhará um forte impulso. Ao mesmo tempo, o prefeito Luciano Leitoa e seu grupo preparam a arrancada da pedetista Dinair Veloso, que muitos acreditam que atropelará os demais candidatos na reta final. Pode ser, pois afinal, com décadas de experiência, os Leitoa têm o mapa eleitoral de Timon na palma da mão, e sabem o que fazer para vencer eleições.
O fato do momento é que ontem, ao assumir o mandato de deputada estadual, mostrando que tem total apoio do seu partido, a ex-prefeita Socorro Waquim deu um passo importante na consolidação do seu projeto de voltar ao comando municipal, tornando-se forte fator de preocupação dos demais candidatos, a começar pelo Coronel Schneyder.
PONTO & CONTRAPONTO
Mesmo fazendo charme, PT já está na aliança liderada por Rubens Júnior
Todos os sinais, mesmo emitidos em meio a trovoadas, indicam que o PT de São Luís, que é presidido pelo vereador Honorato Fernandes, já é parte da coligação que embalará a candidatura do deputado federal Rubens Júnior (PCdoB) à sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT), e que contará também com o Cidadania, avalizado pela senadora Eliziane Gama, pelo PP, controlado pelo deputado federal André Fufuca, pelo DC, presidido por Totó Martins, e pelo PMB, liderado por Efigênia e Samuel Silva. Esse grupo se reuniu ontem com Rubens Júnior e o presidente estadual do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry, para reforçar a aliança e começar a trabalhar com o objetivo de consolidá-la.
É verdade que, por conta de não afinação em outras capitais, PT e PCdoB estejam se estranhando, com troca de declarações fortes entre lideranças intermediárias dos dois partidos. Mas até as pedras de cantaria da praia grande sabem que o PT não tem outro caminho que não coligar com o PCdoB em São Luís. A banda petista está fazendo charme, adiando já por duas vezes reunião para se posicionar na eleição do novo prefeito de São Luís. Mas a presença do vereador Honorato Fernandes na reunião ontem com o candidato e o presidente do PCdoB é sinal forte de que líderes comunistas e petistas já acertaram os ponteiros e estão discutindo perfumaria, como, por exemplo, a data do anúncio oficial da aliança PCdoB/PT em São Luís.
Tudo o que for dito fora desse script será conversa mole, sem desdobramento fora do roteiro.
Wellington do Curso estaria sendo pressionado a desistir; tucanos negam pressão
São cada vez mais fortes e intensos os rumores de que o comando estadual do PSDB estaria pressionando o deputado Wellington do Curso para desistir da sua candidatura à Prefeitura de São Luís. O motivo seria o projeto do presidente do ninho maranhense, senador Roberto Rocha, de liberar o PSDB para alinhá-lo numa aliança com o Podemos em torno da candidatura do deputado federal Eduardo Braide. Terceiro colocado em todas as pesquisas, atrás de Eduardo Braide e do deputado estadual Duarte Júnior (Republicanos), Wellington do Curso estaria resistindo à pressão, determinado a levar sua candidatura até o final. Já apoiado pelo PSC e pelo PSD, com declarações formais dos seus chefes, os deputados federais Aluísio Mendes e Edilázio Júnior, respectivamente, Eduardo Braide precisa ampliar sua coligação para agregar principalmente tempo de rádio e TV, componentes fundamentais na sua campanha. Vozes tucanas minimizam a situação argumentando que não se trata de pressão, mas de conversas para convencer o parlamentar a desistir de uma candidatura sem futuro em favor de um projeto que pode dar certo. O desfecho dessa situação será conhecido em breve.
São Luís, 13 de Agosto de 2020.