Arquivos mensais: março 2020

Crise em Paço do Lumiar tem de ser resolvida com respeito às regras e boa negociação política

 

Junto com Núbia Dutra, Domingos Dutra chega à Prefeitura de Paço do Lumiar

Inacreditável, sob todos os aspectos, a grave e danosa situação político-administrativa por que passa o município de Paço do Lumiar, um dos dez mais importantes do Maranhão e parte essencial da Ilha de Upaon Açu e da Região Metropolitana de São Luís. Ali, como numa opereta surreal, o prefeito Domingos Dutra (PCdoB), um dos gigantes da política maranhense, afastado no ano passado após ser gravemente afetado por um AVC, tenta reassumir incentivado por sua mulher, a ativa e controvertida advogada Núbia Dutra, sob o protesto zoadento e inadequado de dois filhos e a discutível resistência da prefeita interina Paula da Pindoba, insuflada por partidários que sentiram o gosto do poder e se mostram dispostos a tudo para não perdê-lo. A medição de forças paralisou a máquina administrativa municipal, que atende a mais de 120 mil habitantes e já começa a afetar os serviços essenciais, como saúde, educação e limpeza pública, por exemplo, exatamente porque os seus operadores não sabem quem está de fato à frente da administração municipal. Para voltar ao comando pleno da Prefeitura de Paço do Lumiar, o prefeito Domingos Dutra precisa do aval da Câmara Municipal.

No lastro de uma vida dedicada às lutas populares, Domingos Dutra voltou à Prefeitura na segunda-feira, após vários meses lutando pela vida em hospitais de São Luís de São Paulo. Retornou a Paço do Lumiar a no início do ano, mas com evidências de que ainda não está plenamente recuperado. Na ida à Prefeitura para reassumir neste dia 02, Domingos Dutra se movimentou normalmente, aparentando bom estado de saúde física, mas estranhamente foi totalmente contido na sua principal característica: a fala. Acompanhado pela primeira-dama Núbia Dutra, o prefeito de Paço do Lumiar distribuiu sorrisos e fez alguns acenos. Ao chegar ao gabinete, teria assinado uma série de atos previamente preparados demitindo todos os secretários e assessores nomeados pela prefeita temporária Paula da Pindoba. Ela, por sua vez, reagiu mandando ao Banco do Brasil ofício proibindo o acesso do prefeito titular Domingos Dutra às contas da Prefeitura até que ele seja devidamente reinvestido no cargo pela Câmara Municipal, que por seu turno teria solicitado à Justiça que Domingos Dutra seja submetido a uma perícia médica que identifique o real estado da sua saúde física e mental. Os movimentos remetem para uma situação de impasse.

Em meio a esse estado de crise envolvendo a Prefeitura de Paço do Lumiar, a população, grande parte dela insuflada por interessados políticos, se inflama, agudizando uma situação de tensão cujo desfecho é imprevisível se uma ampla negociação política para evitar o pior não for feita rapidamente. Domingos Dutra é o prefeito titular e estaria em condições de reassumir, apesar de exibir alguns traços de não estar plenamente recuperado. Paula da Pindoba é a vice que assumiu na interinidade com a obrigação de devolver o cargo tão logo o prefeito manifestasse a intenção de reassumir, independentemente de estar plenamente saudável ou não, pois, ao que parece, não cabe à prefeita interina fazer esse juízo e decidir se devolve ou não o cargo ao titular. Ela não foi eleita com essa prerrogativa, e nesse jogo as regras são claras, e os limites, também. Cabe à Câmara Municipal procurar os mecanismos constitucionais e colocar as coisas em ordem.

Mais que um imbróglio causado pela saúde precária do prefeito Domingos Dutra, a crise político-administrativa que ameaça infernizar Paço do Lumiar tem forte vertente de uma luta pelo poder, que nesse município ocorre, via de regra, fora das regras. E antes que sua gravidade aumente, é necessário que a boa negociação política ocorra no município.  Alguém com credibilidade pessoal e autoridade política – o governador Flávio Dino (PCdoB), o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB) ou o presidente estadual do PCdoB, deputado federal Márcio Jerry, por exemplo – precisa entrar no circuito, e pela via de uma articulação coerente, madura e equilibrada, consiga evitar o agravamento do imbróglio.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Entregues mais 18 ambulâncias compradas com economia da Assembleia Legislativa

Em ima: o governador Flávio Dino, deputados. prefeitos e ambulância em frente ao Palpacio dos Leões. Embaixo: Flávio Dino e Othelino neto entregam ambulância ao prefeito de Vargem Grande, José Carlos Barros (chapéu)

Entregues ontem as 18 ambulâncias restantes das 42 compradas com recursos economizados pela Assembleia Legislativa, no valor de R$ 6,6 milhões. O ato de entrega ocorreu no Palácio dos Leões, comandado pelo governador Flávio Dino (PCdoB) e pelo presidente do Poder Legislativo, deputado Othelino Neto (PCdoB). As 42 ambulâncias – equipadas com maca, prancha, umidificador, cadeira de rodas, cilindro, balão de transporte para oxigênio, entre outros suportes para atendimento de emergência – foram adquiridas ao custo de R$ 157 mil cada uma e distribuídas para 42 municípios indicados pelos deputados.

Entre as de ontem, foram entregues a de Vargem Grande, destinada pelo presidente Othelino Neto, que no ato declarou: “A entrega dessas ambulâncias é um momento marcante e histórico para o Maranhão. É uma forma pragmática e objetiva de nós, deputados estaduais, além do que fazemos no nosso dia a dia, cumprindo com o nosso dever constitucional, colaborarmos com a saúde pública do estado”.

Participaram o vice-governador Carlos Brandão e os deputados Glaubert Cutrim (PDT), Mical Damasceno (PTB), Zito Rolim (PDT), Cleide Coutinho (PDT), Roberto Costa (MDB), Rafael Leitoa (PDT), Leonardo Sá (PL), Vinícius Louro (PL), Zé Gentil (Republicanos) e Hélio Soares (PL).

Inovador, o projeto idealizado pelo presidente da Assembleia Legislativa, Othelino Neto, alcança dois objetivos. O primeiro é a racionalização dos gastos, que resulta em economia expressiva de recursos, e o segundo a aquisição de ambulâncias, um equipamento da maior importância no serviço de saúde dos municípios.

 

Eduardo Braide já conta com quatro partidos

Eduardo Braide recebe o apoio do PSC, liderado no MA por Aluísio Mendes

Na edição de terça-feira (03), a Coluna cometeu um erro de informação em relação à base partidária que dá sustentação à pré-candidatura do deputado federal Eduardo Braide à Prefeitura de São Luís. Informou que, além do seu partido, o Podemos, o parlamentar contaria apenas com o PSC, comandado no Maranhão pelo deputado federal Aluísio Mendes. Na verdade, Eduardo Braide já conta também com mais dois partidos, o PSD, que tem o deputado Edilázio Júnior como chefe maior no estado, e com o PMN, que já foi comandado pelo próprio pré-candidato e hoje é presidido pelo irmão dele, Fernando Braide.

Assim, ao contrário do que foi divulgado pela Coluna, Eduardo Braide já conta com uma aliança formada por quatro partidos. Sua pré-candidatura está, portanto, lastreada por partidos de centro-direita, que formam a base do Centrão na Câmara Federal. Podemos, PSC e PSD são agremiações de peso no Centrão. O Podemos tem como figura central o senador paranaense Álvaro Dias, enquanto o PSC é atualmente controlado pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzer – que tem projeto de candidatura a presidente da República –, e o PSD é nacionalmente controlado pelo ex-prefeito de São Paulo. Gilberto Kassab. O PMN é um zero à esquerda no contexto partidário: seu púnico deputado federal era o próprio Eduardo Braide, que ao trocá-lo pelo Podemos o empurrou de vez para o limbo partidário brasileiro.

São Luís, 04 de Março de 2020.

Recusa dos Cutrim de apoiar Jota Pinto cria problema sério para o PDT em São José de Ribamar

 

Gil Cutrim, Edmar Cutrim e Glaubert Cutrim rejeitam a candidatura de Jota Pinto 

Não bastasse o quebra-cabeça que está dificultando a definição de um rumo na corrida para a Prefeitura de São Luís, o presidente regional do PDT, senador Weverton Rocha, está diante de um grande problema para revolver também na Ilha de Upaon Açu: viabilizar a candidatura do ex-deputado estadual Jota Pinto para a Prefeitura de São José de Ribamar, o quinto maior e mais importante colégio eleitoral do Maranhão. E o fator complicador da viabilização são os Cutrim – o ex-prefeito e atual deputado federal Gil Cutrim (PDT), o deputado estadual (1º vice-presidente da Assembleia Legislativa) Glaubert Cutrim (PDT) e o ex-deputado estadual e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Edmar Cutrim. A bomba, que já havia explodido e vinha fazendo estragos nos bastidores do PDT, veio à tona com a declaração do deputado Glaubert Cutrim – dada ao bem informado jornalista Clodoaldo Corrêa – afirmando que os Cutrim não apoiarão a candidatura de Jota Pinto, da mesma maneira como atuarão contra a candidatura do prefeito Eudes Sampaio (PTB) à reeleição. A recusa dos Cutrim de apoiar o pedetista Jota Pinto cria, ao mesmo tempo, um baita problema e um visível constrangimento para o comando do partido, que apostava na construção de um consenso em torno do ex-deputado, que iniciou sua vida pública no PDT, trafegou por vários partidos, tendo retornado ressentimento ao arraial pedetista para ser o candidato a prefeito de São José de Ribamar.

A posição dos Cutrim é clara. Eles não querem conversa com a candidatura do prefeito Eudes Sampaio porque ele pertence ao grupo político comandado pelo ex-prefeito Luís Fernando Silva, por quem alimentam o que pode ser definido como ódio político. No seu primeiro mandato, Luís Fernando Silva teve Gil Cutrim como vice, abriu caminho para que ele assumisse e ajudou a elegê-lo sucessor. Diferenças políticas e administrativa os separaram, tornando-os inimigos políticos e pessoais. Quando voltou ao cargo em 2016, com quase 90%dos votos, Luís Fernando Silva acusou duramente Gil Cutrim de desmandos administrativos e até de desvio de conduta. As diferenças, que já estavam acentuadas, degringolaram para um clima de inimizade pessoal e política. Os Cutrim mostraram força ao eleger Glaubert Cutrim deputado estadual em 2014 e reelegê-lo em 2018, e elegeram o ex-prefeito Gil Cutrim deputado federal em 2018, ambos pelo PDT, dando a entender que controlariam o partido em São José de Ribamar, sua base principal.

Desde que começaram as articulações para a escolha de candidatos a prefeito de São José de Ribamar, os Cutrim declararam que não apoiariam Eudes Sampaio, a menos que ele rompesse com Luís Fernando Silva, algo impossível, pelo menos agora. Especulou-se que o deputado federal Gil Cutrim poderia ser candidato a prefeito, mas ele logo descartou. Além do mais, posições assumidas pelo parlamentar na Câmara Federal, como votar a favor da reforma da Previdência, por exemplo, contrariando a orientação do comando nacional do PDT, arruinaram as relações dele com o partido. Nesse clima, os Cutrim decidiram apoiar a pré-candidatura do ex-prefeito Julinho Matos, que não pode ser candidato por ter ficha suja, segundo decisões judiciais relacionadas com sua gestão como prefeito. Deixaram claro que não apoiarão a candidatura de Jota Pinto, criando assim um impasse dentro do partido. Sem liderança nem argumentos convincentes, Jota Pinto não tem como reverter tal situação, tornando sua candidatura totalmente dependente dos movimentos que serão feitos agora pelo senador Weverton Rocha.

A declaração do deputado Glaubert Cutrim confirma a posição da família e coloca o comando do PDT numa situação delicada, criando um imbróglio para o partido no quinto maior município do Maranhão, onde o PDT sempre teve participação eleitoral expressiva e as decisões tomadas costumam ecoar em São Luís. Os Cutrim têm peso político e eleitoral no município, com poder de fogo até mesmo para desequilibrar o cenário no qual o prefeito Eudes Sampaio, que tem o apoio entusiasmado do ex-prefeito Luís Fernando Silva, estaria na liderança da corrida às urnas. Isso significa que Jota Pinto perde força, colocando o partido numa situação complicada, aparentemente sem chance de tomar o comando municipal ao PTB.

Político aguerrido, que fez do PDT um partido, o senador Weverton Rocha vai se desdobrar para evitar que a recusa dos Cutrim de apoiar Jota Pinto se transforme num problema insolúvel no cenário sucessório na Cidade do Padroeiro.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

MDB vai lançar Daniel Fiim candidato a prefeito de Imperatriz

Hildo Rocha, Baleia Rossi, Daniel Fiim e Sérgio Souza (PR) selam acordo para disputa em, Imperatriz

Se não houver uma reviravolta nos próximos dias, o médico Daniel Fiim será anunciado oficialmente como pré-candidato do MDB à Prefeitura de Imperatriz. O acerto foi feito em Brasília pelo deputado federal Ildo Rocha, que levou Daniel Fiim ao presidente emedebista, deputado federal Baleia Rossi, que não só aceitou e ratificou a candidatura, mas também decidiu que o MDB dará o suporte necessário ao seu candidato. O projeto eleitoral será anunciado oficialmente nos próximos dias, quando Daniel Fiim se filiará ao MDB e terá sua pré-candidatura formalizada. De acordo com o que informou o deputado federal Hildo Rocha, a filiação e a pré-candidatura de Daniel Fiim ocorrerão em Imperatriz, na presença de líderes políticos do município, em ato que será comandado pelo próprio presidente Baleia Rossi, que manifestou interesse no projeto. Ao ser lançado candidato do MDB, Daniel Fiim entrará numa disputa que já tem o prefeito Assis Ramos (DEM), que busca a reeleição, o deputado estadual Marco Aurélio (PCdoB), que estaria à frente nas pesquisas, o ex-prefeito Ildon Marques (PP) e Mariana Carvalho (PSC).

 

Os cearenses Josimar de Maranhãozinho e Detinha ganham cidadania maranhense

Josimar de Maranhãozinho e Detinha: migrantes cearenses ganham cidadania maranhense

Cearenses migrados para o Maranhão, o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) e a deputada estadual e pré-candidata a prefeita de São Luís Detinha (PL), campeões de voto nas eleições de 2018, ganharam ontem a cidadania maranhense, concedida pela Assembleia Legislativa, que aprovou projeto de lei nesse sentido apresentado pelo deputado Hélio Soares (PL). O projeto foi aprovado pela unanimidade dos deputados presentes à sessão comandada pelo presidente Othelino Neto (PCdoB). A concessão da cidadania maranhense aos deputados Josimar de Maranhãozinho e sua esposa Detinha é parte de uma estratégia que tem por objetivo torná-los conhecidos e politicamente fortes   para que ele possa ser candidato ao Governo do Estado em 2022. O autor do projeto, deputado Hélio Soares, é considerado o cérebro projeto de poder do casal, que controla, além do PL, o Avante e o Patriotas no Maranhão.

São Luís, 04 de Março de 2020.

Disputa em São Luís tem quadro de pré-candidatos com nomes de peso e candidatos a figurante

 

Eduardo Braide: Rubens Júnior, Duarte Júnior, Bira do Pindaré, Jeisael Marx, Detinha, Yglésio Moisés, Neto Evangelista, Franklin Douglas, Adriano Sarney, Carlos Madeira e Wellington do Curso: pesos e cacifes diferentes na corrida de fundo ao Palácio de la Ravardière

As águas de março chegaram trazendo um cenário quase definido para a guerra pela Prefeitura de São Luís. À exceção de PDT, DEM, MDB, PSDB, PSL e PT, praticamente todas as agremiações já têm pré-candidatos, seja saídos dos próprios quadros, seja por alianças. PCdoB, Progressistas, Democracia Cristã, Cidadania e PTB estão fechados com Rubens Júnior, Podemos e PSC somam com Eduardo Braide, PSB se mobiliza por Bira do Pindaré, Republicanos acolheu de Duarte Júnior, Rede já embala Jeisael Marx, PROS deu a vaga a Yglésio Moisés, Solidariedade tenta viabilizar Carlos Madeira, PV se move com Adriano Sarney, PSOL incentiva Franklin Douglas e PSTU já carimbou Saulo Arcangeli. Dos partidos ainda sem definição clara, o DEM tem engatilhado Neto Evangelista, o PSDB conta com Wellington do Curso –  podendo, no entanto, tomar outro rumo –, e o PT, se resolver entrar na disputa para valer, poderá lançar Zé Inácio ou Zé Carlos. Nesse mosaico de muitas cores, os únicos partidos grandes que não lançaram pré-candidatos próprios são o PDT e o MDB, numa contradição surpreendente, se levado em conta o fato de serem agremiações fortes na Capital. Mergulhado em crise, o PSL desistiu de lançar o ex-prefeito Tadeu Palácio e vai somar numa coligação qualquer.

Todos os aspectos evidenciados até agora indicam que esse quadro de pré-candidatos será mantido até as convenções, já que não existem outros nomes ensaiando participação nesse embate politicamente crucial. Assim, já é possível fazer suposições acerca do roteiro dessa corrida, uma vez que os nomes relacionados reúnem cacifes diferenciados, o que permite observar quem está, de fato, no jogo, e quem dele só participa como figuração.

Todos os sinais indicam que a aliança PCdoB-PP-DC-Cidadania, que pode incluir ainda o PTB, se forma como a mais forte, dando ao governista Rubens Júnior enorme poder de fogo político e, com isso, potencial para transformar esse cacife em votos, consolidando-o como pré-candidato de um grupo. A aliança do Podemos com o PSC em torno de Eduardo Braide gera algum cacife, mas não o suficiente para embalar o pré-candidato com a força que ele vai precisar, ou seja, ele terá de produzir os seus resultados, já que não representa um grupo. O mesmo ocorre com o Republicanos em torno de Duarte Júnior, cuja força eleitoral independe de partido, e com Detinha, que tem sob seu comando o PL, os agregados Avante e o Patriotas, E com Neto Evangelista, se vier mesmo, como está rascunhado, a ser o candidato da forte aliança DEM-PDT. E com base no consenso segundo o qual chegar à prefeitura de São Luís é obra de grupo, o pré-candidato governista poderá reunir nos próximos três meses o suporte necessário para ser o adversário do favorito segundo as pesquisas feitas até agora.

No caso de Bira do Pindaré, ele dispõe do apoio integral do PSB, que tem base eleitoral considerável na Capital, mas seu desempenho nessa disputa dependerá da soma dos esforços do partido e do candidato. Assim será também a caminhada de Jeisael Marx, que tem na Rede um suporte entusiasmado, que motiva e injeta ânimo na garra do pré-candidato, ajudando-o a ganhar espaço ao longo da pré-campanha e da campanha em si. Essa equação deve modelar a ação dos demais pré-candidatos, que terão de se desdobrar para mostrar que podem chegar onde pretendem apoiados por partidos fracos. Eles terão de superar tal deficiência se estiverem mesmo dispostos a brigar pelo comando da maior cidade do Maranhão. Nesse time se inserem Franklin Douglas, que terá o apoio integral do PSOL, e Saulo Arcangeli, que conta com a minúscula, mas muito aguerrida, militância do PSTU.

Nesse contexto de visíveis diferenças entre os candidatos no que diz respeito a suporte partidário, situação complicada vivem Carlos Madeira, que não tem base alguma e representa um partido igualmente sem lastro sólido, e Adriano Sarney, que conta com o apoio das correntes sarneysistas e encabeçará a chapa de um partido igualmente inexpressivo. Finalmente, a situação nada confortável do tucano Wellington do Curso, que detém um respeitável lastro eleitoral, mas não tem o amparo do seu próprio partido.

A imprevisibilidade da política, principalmente em vésperas eleitorais, recomenda que o quadro só seja considerado definido com a chegada do céu azul de maio.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Flávio Dino: maturidade política em entrevista ao SBT

Flávio Dino: respostas precisas na entrevista ao SBT

Na entrevista que concedeu domingo ao programa Poder em Foco, do SBT, o governador Flávio Dino deu mais uma prova de que é o grande diferencial entre os políticos da sua geração. Respondeu no ato, sem pestanejar ou pensar duas, à bateria de perguntas do tarimbado e competente jornalista Fernando Rodrigues. A entrevista repetiu o roteiro das inúmeras concedidas pelo governador, mas com um pouco mais de molho político. Perguntado de chofre se concorda com a mudança de nome e marca do PCdoB, respondeu, com a maior tranquilidade, que sim, usando um argumento simples: a foice e o martelo são símbolos do século passado, que não têm qualquer representatividade no mundo atual. Sobre mudar o nome do partido, tirando o adjetivo comunista, disse que não vê muito sentido, pelo fato de ser uma palavra bonita, que remete a coisas boas, como comunhão, comunidade, comum, coletividade, bem comum. Mas disse estar aberto a mudanças, desde que ela seja fruto de consenso dentro do partido. E sobre a inclusão do seu nome na ciranda sucessória, deixou claro que é muito cedo para definir candidaturas, deixando claro que seu foco é a construção de uma grande frente que inclua a centro-direita, o centro, a centro esquerda e a esquerda democrática. E, provocado sobre o atual Governo central, deu uma “cacholeta” no presidente Jair Bolsonaro ao afirmar que ele vive criando confusão porque não sabe governar. E fez com a elegância de sempre, sem baixar um centímetro o nível da sua estatura política.

 

Um caso lamentável de erro jornalístico mal reparado

Diante da absurdamente mal apurada reportagem inicial sobre o “esmagamento” de três famílias de posseiros, da continuação das obras de implantação do Porto São Luís, da reação do Governo do Estado e da tréplica do portal The Intercept Brasil, só é possível uma conclusão: The Intercept pisou feio na bola jornalística. A reportagem foi eticamente injusta e jornalisticamente mal apurada. Passou ao País a deformada impressão de que o governador Flávio Dino estaria a serviços dos chineses por causa dos posseiros que, mesmo sem direito, tentaram negociar uma indenização maior por uma terra que formalmente não lhe pertence. Um tremendo erro de imprensa, que poderia ter sido resolvido com um honesto pedido de desculpa e correção das informações falsas. E o pior: diante da reação do Governo, justamente indignada pelo fato de que o jornalismo correto passou ao largo desse caso, o editor de The Intercept Brasil tentou reverter a situação bancando a estranha   trapalhada, quando a seriedade jornalística cobrava uma reparação. Ruim para o jornalismo independente e honesto, hoje sob o fogo cerrado dos que, por saberem que não resistem à verdade, tentam desesperadamente desacreditá-lo. Non passaron.

São Luís, 03 de Março de 2020.

Candidatos a prefeito de São Luís não devem esquecer que eleito enfrentará penúria financeira

Palácio de la Ravardière: futuro ocupante poderá enfrentar problemas de caixa

A julgar pelos movimentos que já protagonizaram, os até agora 12 pré-candidatos à Prefeitura de São Luís – ou pelo menos parte deles -, parece não ter ideia muito clara nem informações reais a respeito do que o prefeito eleito vai encontrar ao sentar-se na cadeira hoje ocupada por Edivaldo Holanda Júnior (PDT). Pelo que disseram até agora, parecem não saber que o futuro prefeito assumirá o controle de uma cidade com 1,1 milhão de habitantes, distribuídos em 270 grandes bairros que formam a área urbana e em várias comunidades rurais, uma malha viária complexa e insuficiente para os seus mais de 600 mil veículos, um sistema de transporte de massa precário e deformado pela praga irreprimível dos “alternativos”, uma rede de saúde que funciona no limite, uma rede ensino básico com mais de 200 escolas para atender a dezenas de milhares de crianças, um déficit habitacional que só aumenta e inferniza milhares de sem-teto, e inúmeros outros desafios, entre eles o de pagar mensalmente 25 mil servidores ativos e inativos, e bancar 31 vereadores. Para tanto, deverá com um orçamento que no seu primeiro ano de mandato deverá ser de R$ 3,8 bilhões, numa estimativa realista baseada nos valores recentes.

O prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) – que conseguiu em sete anos reverter uma situação financeira e administrativa caótica que encontrara quando assumiu em 2013 -, tem administrado orçamentos anuais apertados, como o deste ano, que prevê gastos de R$ 3,5 bilhões, dinheiro que chega aos cofres municipais pelo Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que é transferência obrigatória feita pela União, do ISS e do IPTU, que são impostos municipais, do Fundeb, este  destinado à educação, e das taxas e serviços cobrados pelo município. Desse total, nada menos que R$ de 940 milhões – quase um terço – serão destinados ao funcionamento do Sistema Municipal de Saúde – Socorrões I e II, maternidades, postos médicos e outros serviços -, ao mesmo tempo em que, numa forte contradição, prevê investimentos de somente R$ 190 milhões – R$ 15,8 milhões/mês – em obras de saneamento, que é a base do conceito de saúde pública em qualquer lugar civilizado do mundo.

Neste ano, a rede escolar do município de São Luís consumirá R$ 690 milhões – R$ 58 milhões/mês – mais de um quinto dos recursos programados, no funcionamento de mais de 200 escolas, com mais de cinco mil professores e para atender a dezenas de milhares de alunos. Também a máquina administrativa, incluindo servidores e custeio, custará aos cofres municipais pouco mais de R$ 500 milhões, numa média mensal de R$ 42 milhões. E para complicar ainda mais o quadro fiscal, a Prefeitura de São Luís está destinando em média cerca de R$ 13 milhões mensais para pagar os chamados “encargos especiais” – empréstimos, juros de dívidas e outros itens – num total de cerca de R$ 160 milhões para o ano. Para os 12 meses de 2020, a Prefeitura de São Luís destinou R$ 62 milhões para a Cultura – o equivalente a R$ 5 milhões/mês – incluindo Carnaval e São João, os dois períodos-chave da sua vida cultural.

Nos seus programas de campanha, os candidatos a despachar quatro anos no gabinete principal do Palácio de la Ravardière terão de levar em conta o desafio de bancar a Previdência municipal, que no Orçamento deste ano consumirá nada menos que R$ 484 milhões das receitas da Prefeitura, o que obrigará a destinação mensal de R$ 40 milhões da receita líquida – situação que poderá ser minimizada com uma reforma difícil de ser feita em período eleitoral.

O orçamento de R$ 3,8 bilhões estimado para o futuro prefeito no seu primeiro ano de mandato deverá manter a Prefeitura de São Luís no aperto financeiro de sempre, com recursos suficientes para bancar os serviços essenciais no limite. Os candidatos não devem se empolgar, por exemplo, com o asfaltamento da cidade e outras obras feitas no momento pelo prefeito Edivaldo Holanda Júnior. São recursos de empréstimo obtido depois de um longo período de penúria. A realidade que os espera será bem complicada, com enormes desafios administrativos pela frente. Terão vida mais fácil se o Pacto Federativo for refeito privilegiando estados e municípios. Se não, será dureza.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Orçamento revela que Câmara de São Luís custa caro

Plenário da Câmara Municipal: custo elevado para a realidade financeira de São Luís

O orçamento de 2020 destina também R$ 106,7 milhões – cerca de R$ 8,9 milhões/mês – à Câmara Municipal de São Luís, para bancar 31 vereadores. Por esses números, chega-se ao custo da representação legislativa da Capital, que é o seguinte: um vereador de São Luís custa ao contribuinte R$ 3,4 milhões por ano, o que equivale a R$ 286 mil por mês, R$ 9.500,00 por dia e R$ 398,00 por hora. O item de maior peso no custo de um vereador ludovicense é a folha de pessoal da Câmara Municipal, que segundo informação não oficial e sem confirmação – o Portal da Transparência não informa -, seriam cerca de três mil. Esse número de servidores, se verdadeiro, significa que existem 96 servidores para cada vereador, um quadro fora da realidade, principalmente se levado em conta a complicada situação financeira do Município. Vale lembrar que o repasse para bancar as despesas da Câmaras são garantidos pela Constituição, devendo ser feitos chova ou faça sol.

 

 Repórter Tempo completa cinco anos reafirmando  compromisso com jornalismo sério

No dia 25 de fevereiro, Repórter Tempo completou exatos cinco anos. Foram 1.507 edições rigorosamente autorais, um esforço de jornalismo interpretativo em forma de comentário. Nesses 60 meses, a Coluna se manteve fiel ao que se propôs na primeira edição: fazer um jornalismo isento e responsável, exercendo o autor o pleno direito de comentar fatos e situações da política maranhense buscando neles fundamentos e origem na história política recente do Maranhão. A Coluna também enveredou eventualmente pelo mundo da cultura, registrando impressões sobre discos clássicos da Música Popular Maranhense, o que a partir de agora será feito com regularidade nas edições de sábado.

Ao longo da sua existência de 1.829 dias, a Coluna foi acessada mais de 750 mil vezes, gerando mais de 1,3 milhão visualizações, originando 1.093 comentários, tendo a grande maioria desses leitores se manifestado favoravelmente ao seu conteúdo. Essas manifestações estimularam o autor a se esforçar para manter o padrão de qualidade e a proposta inicial do espaço jornalístico, resistindo à tentação de recorrer a conteúdos vulgares para incrementar o número de acessos. A resposta dos leitores foi altamente positiva nesse sentido, indicando, com clareza solar, que o caminho escolhido foi acertado.

Sinceramente comovido e envaidecido, o autor agradece aos seus leitores e anunciantes, reafirmando o compromisso de manter na Coluna um jornalismo sério e responsável, apartidário e honesto num tempo em que a imprensa livre atua corajosamente sob nuvens sombrias.

São Luís, 01 de Março de 2020.